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As duas forças opostas no trabalho do Fed que podem postergar o corte de juros

Autoridade divulgou nesta tarde a ata da sua última reunião, citando mercado de trabalho equilibrado, mas preocupação com novos fatores inflacionários

Por Juliana Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 fev 2025, 18h33

O Federal Reserve, o banco central americano, foi claro. De um lado, o mercado de trabalho permanece equilibrado, como se vê nas forças de oferta e demanda, que seguem razoavelmente balanceadas. Por outro lado, os riscos para a inflação cresceram, com novos fatores no horizonte — um sinal de relativa piora em relação ao cenário anterior com o qual a autoridade trabalhava.

Nesta tarde, foi divulgada a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês). No documento, a assimetria de cenários foi explicitada no momento em que foi discutido o duplo mandato da autoridade: o controle da inflação e o máximo emprego. A maioria dos participantes do Comitê até citou um equilíbrio no duplo mandato, mas a peça-chave veio logo a seguir, no mesmo parágrafo: alguns dos membros do Fed entendem que os riscos para o objetivo de trazer estabilidade de preços são maiores do que os riscos para atingir o máximo emprego.

Isso acontece porque o ambiente é, agora, de novas incertezas. De um lado, o Fed cita o cenário geopolítico, com mais perigos para a cadeia de suprimentos global, em um momento em que os EUA e a Rússia tentam discutir formas de encerrar a guerra na Ucrânia — sem Kiev participando do debate. Em outra frente, o presidente americano, Donald Trump, segue firme na agenda de imposição de tarifas globais, iniciada com as taxas aplicadas sobre o aço e o alumínio, seguidas pelas tarifas recíprocas — cobrança adicional aplicada sobre produtos de outros países na mesma proporção das taxas aplicadas sobre produtos americanos — e pelo mais recente anúncio de que o republicano estuda novas taxas sobre automóveis, produtos farmacêuticos e chips. A isso se somam as políticas imigratórias de Trump, cujo impacto os economistas ainda estudam e que foi, pela primeira vez, citado nominalmente na ata do Fed.

“Alguns participantes observaram que, nos períodos à frente, pode ser especialmente difícil distinguir as mudanças persistentes na inflação e as mudanças mais temporárias, que podem estar associadas à introdução de novas políticas governamentais”, pontuou a ata, numa clara referência ao novo cenário.

A divulgação da ata em si não teve impactos relevantes para o movimento dos mercados no dia, mas certamente tem força para provocar um adiamento do tão esperado — e desejado — corte de juros no país, talvez para o segundo semestre.

Em linhas gerais, o Fed manteve seu tom de que a inflação dará continuidade ao seu movimento de convergência à meta de 2% ao ano, se a política monetária permanecer “apropriada” — um sinônimo de restritiva, na realidade. A sinalização se alinha com as declarações dadas pelo presidente do Fed, Jerome Powell, na última conferência de imprensa, em 29 de janeiro, para apresentar a decisão de juros: o Fed não tem pressa para cortar as Fed Funds e vai esperar ver mais progresso na trajetória inflacionária antes de seguir por esse caminho. Assim como o Fed, o que o investidor pode fazer agora é esperar.

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