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As lições da primeira (e breve) crise das fintechs no Brasil

Liquidação de banco já existente com o qual a Neon Pagamentos havia se associado para poder operar gerou dúvidas entre consumidores sobre as fintechs

Por Da Redação
Atualizado em 14 Maio 2018, 08h44 - Publicado em 13 Maio 2018, 09h49
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  • As fintechs, como são chamadas as startups do setor financeiro, estão revolucionando um dos segmentos mais tradicionais da economia. Oferecem praticidade ao consumidor, com custos mais baixos e maior agilidade para as operações bancárias. Em geral, tudo é resolvido por meio do aplicativo no celular. Um dos maiores desafios das fintechs, no entanto, é mostrar que podem ser tão confiáveis como bancos tradicionais, para quem a reputação é um de seus mais valiosos ativos. É por essa razão que se pode dizer que as fintechs que atuam no Brasil acabam de passar por uma espécie de teste de batismo.

    A decisão do Banco Central, responsável pela regulação e fiscalização das instituições financeiras, de decretar no último dia 4 a liquidação extrajudicial do Banco Neon, nome do antigo Banco Pottencial, de Minas Gerais, pegou clientes da instituição e o mercado de surpresa. O Banco Neon servia também como nome comercial da Neon Pagamentos, uma das mais conhecidas e bem-sucedidas fintechs do país, com mais de 600.000 clientes conquistados em menos de dois anos.

    Apesar de compartilharem do mesmo nome, são instituições distintas: o banco mineiro que já existia há vários anos e a fintech novata com sede em São Paulo. A decisão do BC afetou o antigo Pottencial, com quem a Neon Pagamentos havia acertado uma parceria em 2016 para conseguir operar, uma vez que não possui a licença necessária para atuar como banco e fazer os serviços de custódia e liquidação. Na ocasião, ficou acertado que o Pottencial mudaria de nome para Neon, ainda que continuasse a funcionar nas suas áreas de especialização, o empréstimo para pequenas e médias empresas e a concessão de fianças bancárias, sem vinculação de recursos com a fintech. Mas a coincidência de nomes gerou uma confusão no mercado.

    Os impactos, até o momento, são limitados. Quem tem conta digital ou cartão pré-pago emitido pela fintech Neon não consegue fazer serviços como transferências e pagamento de contas. A consulta de saldo e o uso do cartão de débito continuam em funcionamento. Segundo a Neon, o número de pedido de fechamento de contas por clientes até agora é baixo, enquanto o próprio BC buscou esclarecer, desde o início, que as razões que justificaram o pedido de fechamento do banco não tinham relação com a fintech.

    Ficam, no entanto, as lições do episódio. A primeira delas é diagnosticada pelo próprio fundador e CEO (presidente-executivo) da Neon Pagamentos, Pedro Conrade: “O principal aprendizado é que não devemos nos associar a outra instituição e deixá-la usar o nosso nome. Isso foi um erro e eu não faria novamente. Acabou gerando uma confusão desnecessária”, disse.

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    A segunda lição é que nem sempre regras feitas para dar segurança às instituições tradicionais se mostram as mais eficazes para as fintechs. “É claro que é necessário haver alguma supervisão sobre a atuação das fintechs, mas esse caso mostra que a solução não é a associação com instituições mais antigas, que nem sempre são saudáveis”, diz Pedro Englert, CEO e um dos fundadores da StartSe, uma plataforma que reúne startups.

    Segundo fontes do mercado, o Neon (ex-Pottencial) não tinha patrimônio suficiente para honrar as suas dívidas. Além disso, o BC detectou violações – como falhas na prevenção e no combate à lavagem de dinheiro – durante seu trabalho rotineiro de fiscalização das instituições financeiras no país. A situação era tão grave que o BC decidiu decretar a liquidação do banco. Mas não havia nada de errado com a Neon Pagamentos.

    Outro ensinamento é que a agilidade para buscar e apresentar uma solução conta a favor no momento de preservar ou até reforçar a credibilidade. Poucas horas depois do comunicado do BC, a direção da Neon Pagamentos começou a negociar com outras instituições financeiras que pudessem substituir o Pottencial nos serviços de custódia e liquidação; e, 72 horas depois, anunciou a parceria com o Banco Votorantim, o sexto maior do país em ativos. Os clientes esperam agora a normalização da situação das contas digitais na Neon.

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    Especialistas dizem que a participação das fintechs para o sistema bancário já estabelecido é importante para gerar concorrência em um setor dominado por poucos “players”. Quem sai ganhando é o consumidor. Mas será essencial que as fintechs aprendam com os próximos desafios pelo caminho.

     

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