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As máscaras vieram para ficar e terão preços para todos os bolsos e gostos

Tais quais como sapatos, que são itens de proteção e podem chegar a custar milhares de reais, máscaras farão parte do guarda-roupa e do portfólio das grifes

Por Larissa Quintino Atualizado em 18 Maio 2020, 09h44 - Publicado em 16 Maio 2020, 10h00
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  • A orientação é evitar de sair de casa, mas se precisar ir às ruas, a máscara vai junto. O equipamento de proteção individual, antes restrito apenas para uso médico (seja para quem trabalhava na área ou estava em tratamento) se tornou item indispensável no dia a dia do brasileiro durante a pandemia do coronavírus e. por isso, começa a fazer parte do guarda-roupas. Mesmo quando a fase mais aguda da crise de saúde passar, é pouco provável que as máscaras saiam de cena — e de moda. Por se fazerem necessárias, assim como peças de roupas, o mercado da moda já olha como oportunidade transformar o equipamento de proteção individual e um um acessório para compor os looks. Por isso, equipamentos de diversos materiais, designers e, claro, preços diferentes irão surgir. Tal qual bolsas e sapatos, o mercado produz para todos os gostos, e bolsos.

    O movimento, inclusive, já vem ocorrendo. Na semana passada, a grife carioca Osklen lançou um kit com duas máscaras no valor de 147 reais em seu site. Os item contava com elástico e a camada de proteção de pano para proteger boca e nariz, como recomenda o Ministério da Saúde e o valor incluía a doação de uma cesta básica a comunidades do Rio de Janeiro. O preço do acessório causou espanto e o resultado foi enxurrada de críticas, ‘cancelamento da marca’ e retirada do item da loja online. Outra empresa brasileira a entrar na onda de fazer máscaras, mas sem os pareceres negativos das redes sociais, é a Escudero. A grife criada pelo casal Clara Tarran e Renato Pereira em 2015 vende a 78 reais o par.

    Na avaliação de Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil, a reação contra o valor do acessório da grife é  pontual e está relacionada com a comoção que a pandemia de Covid-19 causa na sociedade. “Porém, é um item que veio para ficar e passará a fazer parte de coleções. As empresas são livres para produzir produtos de diferentes preços. As máscaras de grife vão virar uma realidade. Para o produto vale a mesma lógica que uma calça jeans, por exemplo. Há calças de 40, 50 reais e calças de 700 reais. E há consumidores para as duas pontas”. Segundo Teixeira, a avaliação sobre qual é o público, qual o valor e a aceitabilidade dos itens é algo que depende de tempo. O uso das máscaras começou a ser difundido e mandatório a cerca de um mês, a partir de decretos de estados e municípios exigindo o uso em público.

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    A cantora israelense Nicol Raidman, de máscara Chanel na chegada de desfile da concorrente Balmain, em Paris: a marca não comercializa o “acessório” / (Reprodução/VEJA)

    Porém, o desejo a exclusividade e a beleza fará com que o mercado venda os itens de proteção individual nos mais diversos tecidos e modelagens, tudo para agregar o estilo ao visual. Na semana de Moda de Paris, ocorrida no início de março, convidadas dos desfiles assistiam os desfiles com máscaras personalizadas. No desfile da Chanel, uma convidada sentou-se na primeira fila usando uma máscara enfeitada por três camélias, a flor-símbolo da grife francesa. A cantora e influenciadora israelense Nicol Raidman mandou bordar o logo da grife em máscara preta para assistir o desfile da concorrente Balmain. Se no centro da criação da moda mundial há quem já pensasse em máscaras personalizadas e de grife (mesmo que não fosse oficial) é notável que há espaço para esse acessório nas coleções das grifes. 

    Enquanto o mercado tenta encontrar como inserir o acessório, há marcas na empreitada em um perfil mais discreto. Com itens mais baratos, as empresas fogem do momento de polêmica e vendem peças estampadas em suas lojas online. A Blueman vende cada item por 15 reais e a Malwee comercializa um kit com duas máscaras por 15,90 reais.

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    Valor agregado

    Tipo de material utilizado, estampas exclusivas, bordados, estudo de modelagem aplicado, escala de produção do item são alguns dos fatores que interferem em um acessório de de moda, explica Ana Paula Alves, professora de Design de Moda Centro Universitário Senac. Segundo ela, a imposição trazida pela realidade da Covid-19 fará com que grifes nacionais e internacionais enxerguem no item uma oportunidade de transformá-lo em objeto de desejo.

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    O senador Weverton (PDT-MA) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), usam máscara de proteção que possui a bandeira do Maranhão e do Amapá, respectivamente, como estampa / (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

    O item abre espaço também para licenciamento de marcas e para promoção de mensagens.  No Senado Federal, por exemplo, parlamentares como o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, optam por usar máscaras com a bandeira de seus estados.

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    Na avaliação de Ana Paula, a produção em primeiro momento fica concentrada em pequenos empreendedores e artesãos “que conseguem produzir e vender rapidamente, mesmo que em menor quantidade”. No caso desses produtores menores, as máscaras inclusive tem sido complemento de renda ou mesmo fonte única de entrada de recursos, já que a pandemia impôs o fechamento de serviços não essenciais, e o mercado de moda está inserido nas restrições.

    De toda forma, a indústria da moda vai embarcar na ideia e, capacidade produtiva para isso, há. A Lacoste, por exemplo, converteu sua linha de produção para a confecção de máscaras. Entre meados de março e início de maio, a marca produziu 200 mil máscaras. Não há no mercado ainda EPIs com o pequeno jacaré verde à venda, já que em primeiro momento a grife optou por doar a produção para entidades e órgãos da França e da Argentina, onde estão suas fábricas. Apetite e capacidade produtiva, há, Consumidor de todos os gostos e bolsos, também. Para relembrar um antigo slogan publicitário, a Covid-19 está no alvo da moda.

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