Há dez meses do pontapé inicial, a FIFA iniciou nesta quarta-feira, 19, a primeira fase de venda de ingressos para a Copa do Mundo de 2022, a ser disputada no Catar. Os torcedores podem fazer os pedidos dos ingressos e, caso sorteados, serão notificados e poderão pagar seus tickets em março. Para a primeira fase da competição, o ingresso mais barato para a venda internacional (categoria 3), está custando 69 dólares, valor mais baixo desde a Copa do Mundo de 2006, disputada na Alemanha. Com a desvalorização do real, a notícia não é tão animadora para os fãs brasileiros.
Os ingressos mais baratos saem 382,26 reais na conversão oficial. Na Copa do Mundo da Rússia, os ingressos da mesma categoria para a primeira fase custavam 105 dólares. Para os fãs brasileiros contemplados na primeira fase de vendas, o ticket saiu a 336 reais, já que o câmbio em outubro de 2017 estava em 3,20 reais.
A conta de conversão é um bom exemplo sobre a desvalorização do real nos últimos anos. Em junho de 2018, no início da competição na Rússia, o dólar já havia subido para 3,75 reais no câmbio oficial, devido à proximidade das eleições presidenciais que normalmente adicionam um grau de incerteza no câmbio. A partir da pandemia, o dólar se valorizou ainda mais, dificultando os planos de quem quer acompanhar a Copa do Mundo in loco. Além dos ingressos, as passagens e as hospedagens também estão mais caras, já que os preços desses serviços são atrelados à moeda americana. “Eu estou me programando desde 2018. Fiz uma poupança há quatro anos e o dinheiro que guardei não é metade do que vou precisar para ir para lá”, afirma Iclécia Pessoa, de 32 anos. A bancária diz que está monitorando o valor da passagem para Doha, mas afirma que está desanimada. “Já cheguei a ver por 7 mil reais, agora não acho por menos de 10 mil reais, está tudo muito caro”, afirma.
A dentista Alexandra Mota, 36 anos, já emitiu suas passagens para chegar ao país da Copa entre o fim da primeira fase e as oitavas de final. Para isso, gastou 92.500 milhas em dois trechos de viagens, utilizando pontos que juntou desde 2019. Porém, ela teme pelos preços da hospedagem. Só será possível reservar lugar para ficar no Catar após o torcedor estar com os ingressos na mão. O cadastro é feito em um site da FIFA, vinculado ao governo do Catar. “Pretendo ficar na Vila, que é uma hospedagem do tipo tenda e a mais barata que eles disponibilizam. Mesmo assim, é difícil se programar”, diz.
A analista de marketing Juliana Ferreira, 29 anos, também junta dinheiro com o noivo para irem ao Catar acompanhar a seleção. Além dos valores para a competição, ela cita a incerteza com a Covid-19 como um dos fatores desafiadores de acompanhar a terceira Copa do Mundo presencialmente. “Estamos juntando dinheiro, me inscrevi para a seleção dos ingressos, mas não dá para ter certeza se vamos”, diz. Ferreira perdeu o investimento que fez para assistir a Eurocopa, agendada para 2020 e disputada em 2021, justamente por restrições de viagens causadas pela Covid-19.
Final mais cara
Se na primeira fase os ingressos estão mais em conta em dólar, o torcedor que quiser acompanhar o jogo da final, programada para 18 de dezembro pagará 46% mais que os valores cobrados para a partida na qual a França se sagrou campeã em Moscou, há quatro anos.
Os ingressos mais caros à venda para a final de 18 de dezembro no Lusail Stadium são de 5.850 riais qataris (1.607 dólares, ou 9.272 reais), um aumento de 46% em relação aos 1.100 dólares cobrados na copa de 2018.