Mesmo com recuperação gradual, atividade econômica recua 4,05% em 2020
IBC-Br, do Banco Central, acumula oito meses de melhora após choque na oferta e demanda em abril, decisivo para a queda no ano
‘Termômetro’ do Banco Central para medir a atividade no país, o IBC-Br fechou 2020 em queda de 4,05%, segundo dados da autarquia divulgados nesta sexta-feira, 12. O acumulado negativo é resultado de um grande choque ocorrido em abril. A partir de maio, a atividade passou a se recuperar, mas as oito altas consecutivas não reverteram as perdas totais do ano. O indicador mostra que, atingido pela pandemia de Covid-19, a economia brasileira sofreu um significativo choque. Em 2019, o indicador registrou alta de 0,89% no ano.
Conhecido como a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br avalia a evolução da economia com informações sobre o nível de atividade dos setores de indústria, comércio, serviços e agropecuária, além do volume de impostos. Em dezembro, o indicador subiu 0,64%, pouco acima dos 0,50% registrados em novembro e também acima da expectativa do mercado financeiro, que estimava 0,4% para o último mês do ano.
Após grande choque em abril, o indicador voltou a se recuperar em maio, tendo em junho sua alta mais forte: em 4,89%. A estimativa do mercado é que o PIB do Brasil tenha fechado 2020 em 4,37%, segundo o Boletim Focus. O resultado consolidado só será divulgado pelo IBGE em março.
Divulgado mensalmente, o IBC-Br é considerado um termômetro do Produto Interno Bruto (PIB), que é divulgado trimestralmente pelo IBGE. Por ter formas diferentes de calcular a evolução da economia, nem sempre o IBC-Br e o PIB vêm com resultados semelhantes. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. O IBC-Br usa estimativa das áreas e também dos impostos. O resultado do PIB de 2019, por exemplo, trouxe avanço de 1,1%, enquanto o IBC-Br do mesmo período subiu 0,89%.
Influência
A desaceleração do nível de atividade vista no quarto trimestre em relação ao terceiro mostra a clara influência das medidas de proteção a economia tomadas pelo governo federal. A partir de setembro, o auxílio emergencial, que era de 600 reais, foi reduzido gradualmente para 300 reais, até ser encerrado em dezembro. Já há aval do presidente Jair Bolsonaro para uma nova rodada do benefício e, segundo ele, a medida pode começar a valer em março. Inegável como “colchão” para segurar a economia em um momento de grande choque, o auxílio emergercial tem alto custo, sendo um desafio para as já tão combalidas contas públicas, como mostra VEJA esta semana.