Um pedaço de um Boeing 737-800 foi encontrado há cerca de dez quilômetros dos destroços do avião que caiu abruptamente na China, na última segunda-feira, dia 21 de março. As autoridades chinesas, que investigam as causas do desastre aéreo, suspeitam que a peça pode ser do jato da China Eastern Airlines que matou as 132 pessoas que estavam a bordo, ao se projetar ao chão a quase mil quilômetros por hora. Segundo as autoridades, caso confirmado que a peça encontrada seja mesmo da aeronave, o próximo passo será descobrir se a peça se soltou como resultado de tensões durante o mergulho em alta velocidade ou se acabou se quebrando antes da descida.
A peça tem aproximadamente 1,3 metro (4,3 pés) de comprimento e 10 centímetros (4 polegadas) de largura e foi encontrada em terras agrícolas, disse Zheng Xi, chefe da equipe de resgate de combate a incêndios de Guangxi, região do sul da China que faz fronteira com o Vietnã.
Especialistas indicam que modelos como o 737-800 são mais seguros e projetados para não mergulharem tão agressivamente. Supostamente, portanto, algum tipo de falha da aeronave ou ação do piloto seria necessária para manter o nariz apontado para baixo por tanto tempo. “A reputação desse modelo é de que se trata de um avião muito confiável”, afirma Francisco Lyra, presidente do Instituto Brasileiro de Aviação (IBA) e sócio-fundador da companhia aérea Amaro Aviation. “O 737-800 faz parte da frota das principais companhias aéreas no mundo.”
Determinar a razão da queda do avião tem se tornado, pouco a pouco, um problema geopolítico. Com as relações entre os Estados Unidos e a China no ponto mais baixo em anos, graças à posição oposta dos países em relação ao conflito entre Ucrânia e Rússia, a queda de um avião fabricado pela Boeing, uma companhia americana, e operado por uma estatal chinesa tem acirrado os ânimos. Conforme as autoridades chinesas levantam suspeição sobre um possível problema mecânico com a aeronave, as ações da Boeing na bolsa de valores perdem fôlego. Desde a quarta-feira 23, os papéis da empresa recuam mais de 6%.
Se o problema escalar pode haver reflexos até por aqui. No Brasil, a Gol Linhas Aéreas é a companhia que mais teria a perder caso se confirme que houve um falha técnica do Boeing 737-800, já que boa parte de sua operação, 90 aeronaves, é deste modelo. Outros 23 aviões utilizados pela companhia são da linha 737-700, além de 20 aviões da linha 737 MAX 8. Questionada por VEJA se haveria possibilidade de revisão em sua estratégia de expansão, a companhia informou, por meio de nota, que seu “planejamento de frota segue inalterado. Temos confiança absoluta em nossa parceira Boeing e na família de aeronaves 737, que são os equipamentos mais testados, seguros, modernos e de enorme sucesso comercial em todo o mundo há décadas”.