Banco Central dos EUA mantém juros e segue postura de ‘espera’
A taxa de juros americanas continuará no intervalo entre 4,25% e 4,5%; Fed sinaizou que segue vigilante diante de incertezas

Em uma decisão amplamente antecipada pelos mercados, o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), manteve nesta quarta-feira, 18, de forma unânime, a taxa básica de juros no intervalo entre 4,25% e 4,5%. O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) reforçou seu compromisso em trazer a inflação de volta à meta de 2% e sinalizou que “a incerteza quanto às perspectivas econômicas diminuiu, mas permanece elevada”.
A decisão reflete a cautela da autoridade monetária americana em um momento de sinais mistos. A economia dos EUA continua a crescer em ritmo sólido, sustentada pelo consumo e pelo dinamismo do mercado de trabalho, cuja taxa de desemprego segue historicamente baixa. Por outro lado, a inflação, embora mais comportada do que nos picos de 2022, ainda permanece acima da meta, exigindo prudência por parte do Fed.
“Ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais, o Comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o balanço de riscos”, diz o comunicado divulgado após a reunião. A declaração deixa em aberto a possibilidade de novos ajustes nas taxas, caso a trajetória da inflação volte a se deteriorar ou surjam choques externos que coloquem em risco os objetivos do banco central.
O tom do comunicado deixa claro que o ciclo de aperto monetário iniciado em 2022 pode ter chegado a um ponto de inflexão. Ainda assim, o Fed evita declarar vitória sobre a inflação. Em vez disso, opta por uma postura de espera estratégica (“wait and see”), mantendo a porta aberta para tanto cortes quanto elevações futuras, a depender da evolução do cenário macroeconômico.
Com o mercado de trabalho robusto e os preços ainda pressionados em setores-chave, como serviços, o Fed não quer correr o risco de afrouxar a política monetária cedo demais. Ao mesmo tempo, a manutenção dos juros elevados por um período prolongado já começa a gerar preocupações sobre seus efeitos no crédito, no investimento e, por consequência, na atividade econômica.
O equilíbrio entre não sufocar o crescimento e não tolerar uma inflação persistente é hoje o maior desafio da autoridade monetária americana. A decisão desta quarta-feira mostra que, por ora, o Fed prefere observar com lupa cada movimento da economia antes de mudar de rumo. E, nesse compasso, o mercado continuará a dançar ao ritmo dos dados, e das entrelinhas dos próximos comunicados.