O Banco Central (BC) pretende criar novas possibilidades de transferências bancárias instantâneas, permitindo que transmissão de dinheiro seja imediata, sem restrição de horário. A medida seria uma alternativa ao DOC – que só entra na conta no dia seguinte à transferência – e à TED – que tem limitação de horário.
A autoridade monetária criou um grupo de trabalho com integrantes do mercado para estudar sugestões de diretrizes para o desenvolvimento de um modelo de pagamentos instantâneos no Brasil. “Esses estudos, que são de longa maturação e fazem parte da Agenda BC+, estão em fase preliminar e seus resultados devem ser apresentados para apreciação da diretoria colegiada do BC apenas no segundo semestre”, diz nota divulgada pela entidade.
O objetivo da mudança é criar um ambiente de competição entre as instituições financeiras que permita a redução de tarifas e juros cobrados das pessoas físicas.
Em entrevista ao Valor Econômico, o diretor de política monetária do BC, Reinaldo Le Grazie, disse que o plano é permitir que todos os participantes, inclusive as fintechs, possam oferecer alternativas de pagamento direto e instantâneo. Haverá a possibilidade de transferência de dinheiro entre contas bancárias e cartões de crédito, mas para isso o Sistema de Pagamentos Brasileiro precisará sofrer alterações – hoje não permite depósito entre contas diferentes fora do horário comercial.
O presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse à VEJA que a instituição vem estudando mecanismos de incentivar o uso do cartão de débito e transferência em detrimento do papel moeda. “O Brasil tem um custo de segurança e de transporte elevado quando se trata de papel-moeda. O custo das pessoas para se protegerem, das agências, do transporte. Tudo é muito caro. A gente vive em uma sociedade onde papel-moeda acaba sendo arriscado. Então, se a gente conseguir que todo mundo use mais débito e transferência bancária, isso pode nos ajudar um pouco.”
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) confirma que as instituições financeiras foram convidadas para trabalhar em conjunto com o BC na análise de modelos de transferência de recursos. “O tema está em discussão e não há prazo determinado para a conclusão deste trabalho.”