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Bancos e corretoras projetam retomada para o PIB do segundo semestre

Volta do crescimento econômico passa por controle das dívidas públicas e reformas estruturantes; retração prevista para 2020 vai de 4,5% a mais de 6%

Por Felipe Mendes Atualizado em 3 mar 2021, 15h24 - Publicado em 1 set 2020, 20h13
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  • O Brasil registrou a maior retração trimestral para o desempenho da economia desde que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, iniciou a série histórica, em 1996. Devido à pandemia de coronavírus, a atividade econômica parou e o PIB recuou 9,7% no segundo trimestre, levando o país a registrar oficialmente recessão técnica, o que não acontecia desde 2016. Na comparação anual, o declínio foi ainda mais acentuado: 11,4%. Apesar disso, bancos e corretoras projetam uma leve melhora do PIB no segundo semestre, sustentada em fatores como o auxílio emergencial às famílias e informais, o reaquecimento da indústria imobiliária, à retomada do comércio e ao bom desempenho agronegócio brasileiro, que mesmo em períodos de ‘vacas magras’ na macroeconomia, registrou crescimento.

    Dentre os principais bancos com atuação nacional, o Santander é a instituição que concentra as projeções mais pessimistas. A instituição financeira estima uma contração de 6,4% para o PIB do Brasil este ano. Já o Itaú olha com mais otimismo para o potencial de recuperação da economia no segundo semestre de 2020, ainda que o desempenho do segundo trimestre do ano tenha sido aquém do projetado. Em sua visão, a economia dá sinais de reaquecimento “É importante observar que os dados mensais mostram que a economia já estava melhorando significativamente ao longo do segundo trimestre. Essa tendência se manteve em julho e agosto”, diz o banco, em relatório da área macroeconômica, comandada pelo economista-chefe Mário Mesquita. A projeção do Itaú é de retração de 4,5% em 2020.

    Segundo Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, um dos fatores que mais contribuíram negativamente para o resultado trimestral foi o forte recuo no consumo das famílias: 13,5% na comparação anual. “O consumo das famílias foi fortemente impactado pelas restrições resultantes do distanciamento social e efeitos da pandemia”, diz, alertando que as medidas de estímulo serviram para mitigar esses danos em maio e junho. Se o auxílio emergencial contribuiu para irrigar a economia no momento mais difícil, também permitiu o aumento de reservas na poupança, que avançou para 15,5% no período — a maior alta dos últimos cinco anos. “Parte da elevação da poupança nesse período é precaucional, relacionada às incertezas geradas pela crise. No entanto, essa maior disponibilidade de poupança, aliada à baixa taxa de juros, pode impulsionar os investimentos nos próximos trimestres”, conjectura a economista, que projeta uma queda acumulada de 4,7% no resultado consolidado do PIB de 2020.

    A XP Investimentos analisa que o setor de maior desvio de projeção no segundo trimestre foi a Administração Pública, que teve retração de 7,6% no trimestre motivada em grande parte, pelo cancelamento de praticamente todas as cirurgias eletivas no Sistema Público de Saúde (SUS). Segundo o DataSus, sistema do Ministério da Saúde, a retração no período foi próxima a 40%. “Acreditamos que haverá devolução destes números ao longo do segundo semestre”, diz o economista Vitor Vidal, da XP. Ele projeta um crescimento de 6,8% nos números do terceiro trimestre e manteve a projeção para o PIB do ano em 4,8% negativo. O banco BTG Pactual, por sua vez, espera uma retração de 5% neste ano e um avanço de 5,6% no terceiro trimestre frente aos resultados recém-divulgados.

    André Perfeito, economista-chefe da corretora Nécton, mostrou-se preocupado com o declínio da Formação Bruta de Capital Fixo no trimestre. Ele avalia, no entanto, que a decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de prorrogar o auxílio emergencial até dezembro em 300 reais deve irrigar a atividade econômica, fazendo com que a retração do PIB nos últimos meses do ano seja menos intensa. “O governo irá jogar de helicóptero, por assim dizer, mais 1,4% do PIB e isto explica em grande parte a minha revisão de queda de 7,5% para um resultado negativo de 6%”, avalia.

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    Fábio Macedo, diretor comercial da fintech Easynvest, aponta que a queda veio em linha com o que se esperava pelo mercado financeiro. Até por isso, o resultado não teve impacto negativo no Ibovespa, que registrou alta de 2,8% no pregão. Ele alerta, no entanto, que a retomada econômica depende do controle das dívidas públicas e das reformas estruturais. “Ao investidor, mais do que regular a intensidade da queda do PIB, ele precisa monitorar a pauta política, que ganha novamente relevância, com as eleições municipais, presidenciais nos Estados Unidos e discussões sobre a permanência do ministro da Economia no governo”, indica. É bom ficar de olho na agenda de desenvolvimento a qualquer custo que está sendo defendida pelos militares.

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