Bayer: Inovação no campo em busca de produtividade e sustentabilidade
A empresa aposta no Brasil como polo estratégico para o lançamento de tecnologias agrícolas e tratamentos de sementes de última geração
Em 2024, a multinacional alemã Bayer destinou mais de 6 bilhões de euros globalmente a pesquisa e desenvolvimento, um crescimento de 16% da verba em relação ao ano anterior. O aumento reforça o compromisso da empresa com soluções que conciliam alto desempenho agronômico e responsabilidade ambiental. Nesse cenário, o Brasil se destaca como o segundo maior mercado da Bayer no mundo e um dos principais focos de investimentos em inovação.
“Ao longo da década, serão mais de dez lançamentos de produtos que consideramos revolucionários”, afirma Marcio Santos, presidente da Bayer no Brasil. “Seguiremos ampliando nossos modelos de negócios baseados em agricultura digital e baixo carbono.” Em 2024, a operação brasileira registrou uma receita próximo de 6,4 bilhões de reais e um lucro líquido de 470 milhões, refletindo a relevância estratégica do país para os negócios globais da companhia.
Na divisão agrícola, a Bayer planeja introduzir novas biotecnologias para soja, milho e algodão, além de moléculas inéditas para a proteção de cultivos. A empresa também pretende expandir modelos de negócios sustentáveis, alinhados às demandas por produtividade e eficiência.
Com quase 130 anos de presença no Brasil, a Bayer mantém mais de trinta unidades operacionais em estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia, incluindo fábricas de produtos químicos, centros de produção de sementes e instalações de pesquisa. Cerca de 4 600 trabalhadores atuam nas três divisões da companhia: agrícola, saúde do consumidor e farmacêutica.
Segundo Santos, o mercado brasileiro apresenta desafios particulares em relação a outros países, sobretudo devido ao clima tropical, que intensifica a incidência de pragas, doenças e plantas daninhas. Esse contexto exige soluções inovadoras e ágeis, capazes de atender às exigências agronômicas locais. Por isso, a Bayer tem incorporado tecnologias como inteligência artificial e machine learning aos processos de P&D para acelerar a descoberta de novos produtos.
Um exemplo dessa estratégia são os Pacotes Guardião, recém-lançados pela empresa. Trata-se de um novo conceito em tratamento industrial de sementes, que combina defensivos químicos e biológicos para a proteção contra pragas, doenças e nematoides. A proposta é aumentar a produtividade e a sanidade da lavoura desde o plantio, com soluções práticas e adaptáveis a culturas como as de soja, milho e algodão.
Apesar dos avanços tecnológicos e dos crescentes investimentos em inovação, a indústria química como um todo enfrenta questões estruturais. No primeiro trimestre de 2025, todas as variáveis monitoradas pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) apresentaram retração. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, a produção caiu 3,8% e as vendas internas recuaram 2,6%, sinalizando perda de competitividade no mercado internacional.
De acordo com André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, o setor sofre com a concorrência de insumos mais baratos importados, principalmente dos Estados Unidos e da Ásia, além de elevados custos de energia elétrica, gás e carga tributária. Um exemplo: no caso do gás natural, o preço no Brasil é cerca de 600 dólares por tonelada mais alto que nos principais mercados concorrentes. “Isso diminui a competitividade da indústria nacional, contribuindo para elevar o nível de ociosidade das fábricas”, afirma. Mesmo num cenário complicado, a Bayer colheu bons resultados.
Publicado em VEJA, outubro de 2025, edição VEJA Negócios nº 19







