O surto do coronavírus tem causado dores de cabeça para os investidores de moedas de países emergentes. Nesta quinta-feira, 30, a cotação do dólar comercial em relação ao real manteve a tendência de alta vista nos últimos dias e fechou o dia cotado a 4,2589 reais — recorde histórico. A máxima anterior havia sido registrada em 27 de novembro, quando o dólar chegou a R$ 4,2584 reais.
Após o encerramento, o Banco Central anunciou leilão de linha de 3 bilhões de dólares para esta sexta-feira, 31. Essa medida também foi realizada pelo BC no fim de novembro de 2018, quando a variação cambial entre dólar e real chegou a 4,27 reais. Na época, o BC chegou a fazer quatro leilões a vista em três dias. “Os leilões de linha e leilões de swap são importantes para tentar estancar o problema”, afirma Mauriciano Cavalcante, diretor da corretora Ourominas.
Mas não foi apenas a moeda brasileira que sentiu o impacto da epidemia do vírus chinês. A desvalorização também afetou o desempenho do rand sul-africano, que caiu 1,32%, o rublo russo (-1,30%) e o won sul-coreano (-0,96%). “A tendência é que o coronavírus continue afetando o mercado global”, diz Cavalcante. “Se o BC não realizar leilões de linha para conter o problema, o dólar rapidamente chegará a um patamar próximo a 4,30 reais. Furando essa barreira, é difícil prever o que mais pode acontecer”. A intervenção do Banco Central é vista como uma via essencial para conter as perdas da moeda nacional.
As perdas causadas pela epidemia devem prejudicar a economia global. Num momento de volatilidade nas bolsas mundo afora, investimentos “seguros” podem ganhar força, como a compra e venda de ouro. “A economia da China irá crescer menos, o que vai afetar principalmente os países emergentes”, diz Cavalcante. “Esperamos solucionar o mais rápido possível para que a roda comece a girar novamente. O impacto será grande até a economia chinesa começar a retomar”, projeta.