Na primeira reunião após as eleições — a penúltima antes do final do ano —, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros em 6,5% ao ano nesta quarta-feira (31). Foi a quinta vez que o Copom manteve a Selic neste patamar, que é o menor da história do país.
Economistas esperavam que a taxa permanecesse inalterada, devido ao fraco ritmo de atividade econômica, o que mantém os preços sob controle. A dúvida do mercado é se o BC deve aumentar os juros na última reunião do ano ou apenas em 2019. Após a posse de Jair Bolsonaro (PSL), a composição do Copom pode mudar. O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, está cotado para continuar à frente da autoridade monetária, mas ainda não está confirmado.
“O Comitê avalia que diversas medidas de inflação subjacente se encontram em níveis apropriados, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”, afirma o Copom.
Em nota, o comitê afirma que permanecem fatores de risco em relação à inflação. O primeiro é o nível de ociosidade elevado que pode “produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado”. Os outros dois, que na avaliação do Copom são maiores, são “uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira”, que pode “afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária” e a “deterioração do cenário externo para economias emergentes”. Este terceiro risco, na avaliação dos diretores do BC, cresce à medida em que o segundo se consolida.
Os principais índices acompanhados pelo Copom para determinar a taxa de juros são a inflação e o câmbio. A pesquisa que o Banco Central realiza junto a economistas de diversas instituições financeiras, cujas projeções são compiladas no Boletim Focus, apontam que a inflação deve ficar em 4,4% para 2018, em 4,2% para 2019 e em 3,7% para 2020.
“Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela manutenção da taxa básica de juros em 6,50% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta”, diz a autoridade monetária.
A meta de inflação para 2018 é de 4,5%. Já para 2019 e 2020 ela cai, para 4,25% e 4%, respectivamente.
Reformas
O Copom voltou a advogar a favor das reformas, que podem ter efeito fiscal relevante no médio e longo prazos. “O Comitê enfatiza que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia”, disse a nota. “O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes.”
Por fim, o Comitê afirma que a conjuntura econômica ainda prescreve política monetária estimulativa devido ao baixo ritmo de recuperação da economia. Esse estímulo, na visão do Copom, é traduzido pela manutenção da Selic em 6,5%, o que ele chama de “baixo nível estrutural”. “Esse estímulo começará a ser removido gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora”, disse.
A decisão foi unânime. O Comitê é formado por Ilan Goldfajn, presidente do BC, Carlos Viana de Carvalho, Carolina de Assis Barros, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.