O relatório de inflação divulgado na manhã desta quinta-feira, 15, pelo Banco Central, apontou que há grande probabilidade de a inflação ficar acima do teto da meta no ano que vem. Para 2023, a probabilidade de novo furo é de 57%, enquanto a de ficar abaixo do piso é de 1%. Já para 2024 a chance é de 14% tanto para ficar acima quanto abaixo da meta. Para 2025, por sua vez, a autoridade monetária aponta para 17% de chance de ficar abaixo da meta e 11% de ficar acima da meta.
Para 2022 – como já era esperado -, o Banco Central mostrou zero por cento de chance de terminar o ano com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dentro da meta de 3,5%, que pode chegar a 5% devido ao intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual. Dessa maneira, a inflação ficará fora do centro da meta pelo quarto ano seguido.
A projeção é que no final de 2022 a inflação acumulada nos quatro trimestres chegará a 6%, estourando também o teto da meta pelo segundo ano seguido. Para a estimativa do cenário de referência do Banco Central, foi considerada a trajetória para o preço do petróleo seguindo aproximadamente a curva futura para os próximos seis meses, além da taxa Selic do Boletim Focus e o câmbio seguindo a Paridade do Poder de Compra (PPC).
Crescimento e contas externas
As projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2022 foram revisadas levemente para cima, de 2,7% no relatório realizado em setembro, para 2,9%. Para a alta, foram considerados o PIB do terceiro trimestre de 2022 bem como a revisão das séries históricas das Contas Nacionais. Além disso, a alta da previsão do setor de serviços sob a ótica da produção ajudou na estimativa mais otimista, bem como a revisão para cima do consumo das famílias, do governo e da Formação Bruta de Capital Fixo.
Para 2023, no entanto, foi mantida a previsão de crescimento do PIB em 1%, tanto devido a fatores domésticos quanto externos e com ênfase para incertezas no radar. “No âmbito doméstico, há elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal. Também persistem incertezas sobre a magnitude dos estímulos fiscais em 2023 e sobre sua transmissão para a atividade econômica”, diz o relatório. “No cenário externo, permanecem desafios para o desempenho da atividade econômica global, decorrentes de aperto da política monetária em diversos países, da evolução da guerra na Ucrânia e, na China, da crise no setor imobiliário e da incerteza acerca da política de Covid zero”.
Já em relação às contas externas, o Banco Central reviu de 47 bilhões de dólares para 60 bilhões de dólares a projeção de déficit nas contas externas em 2022. O valor é composto por transações correntes, balança comercial, e serviços e rendas. O aumento da projeção do déficit se deve principalmente ao “aumento na projeção dos gastos com serviços (gastos com viagens de brasileiros no exterior e transportes, entre outros).”
Os Investimentos Diretos no País (IDP), no entanto, têm expectativa de maior entrada líquida em 2022, devido ao “forte fluxo de empréstimos intercompanhia nos últimos meses”. Para 2023, a projeção do IDP se mantém a mesma, em 75 bilhões de dólares. Já a expectativa do déficit em conta corrente em 2023 é de uma redução em relação a 2022, de 60 bilhões de dólares para 49 bilhões de dólares “em decorrência da melhora esperada para o saldo da balança comercial. Apesar das revisões, as projeções continuam indicando cenário favorável para as contas externas, com déficit em conta corrente inferior às entradas líquidas de investimento direto”, diz o relatório.