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Bitcoin: entenda como funciona essa aposta de risco

A busca pela moeda virtual fez com que os preços subissem quase seis vezes em um ano; especialistas ouvidos por VEJA explicam como funciona esse negócio

Por Felipe Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 dez 2017, 14h03 - Publicado em 20 out 2017, 08h57

Bitcoin é a moeda virtual mais famosa no momento. Essa criptomoeda foi criada por um grupo de programadores para facilitar transações do mundo real na internet. Apesar do altíssimo risco de investir em bitcoins, a busca pela moeda virtual cresceu tanto que sua cotação disparou, atraindo a atenção de interessados em ganhar dinheiro rapidamente.

De janeiro até o último dia 17, os bitcoins acumulavam um ganho de 487,35%, contra 26,52% do Ibovespa, 10,69% do ouro e baixa de 2,52% do dólar.

Apesar dos números encherem os olhos à primeira vista, analistas alertam que é preciso ter sangue frio e disposição ao risco para aplicar em criptomoedas.  “Esse investimento não funciona para pessoas com um perfil mais conservador”, avalia o diretor de operações da corretora Foxbit, dedicada a fazer transações de moedas virtuais, Guto Schiavon.

Um dos problemas é que não existe uma regulamentação para a moeda nem um fundo garantidor para eventuais perdas dos investidores. As oscilações de valor são bruscas e facilmente atingem a casa de dois dígitos. Em setembro, o tuíte de uma corretora chinesa dizendo que não faria mais negócios com a moeda fez a cotação desabar 13% em um único dia.

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(Arte/VEJA)
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Ao contrário dos ativos financeiros, que são transacionados em bolsas de valores, bancos ou similares, o bitcoin é operado livremente pela internet. Basta ter um computador ligado à rede, que é possível fazer transações.  Por isso, seu valor depende da oferta e da demanda, que é apurada por índices divulgados pelas corretoras. Um deles é divulgado pela bolsa de Nova York.

A expansão das transações com bitcoins também atrai a atenção de autoridades preocupadas com lavagem de dinheiro, já que as negociações podem ser feitas anonimamente.

“Hoje, a discussão é sobre lavagem de dinheiro, da origem do recursos usados para comprar bitcoins. Não há registro de transações [no mundo físico], não está dentro do radar de reguladores, como Receita Federal”, explica a advogada Patricia Peck, especialista em direito digital. Apesar da desconfiança não há, até o momento, restrição legal a esse tipo de negócio.

Se há questionamento em relação aos valores e a possíveis regulações de governos, a tecnologia por trás do bitcoin – um tipo de registro de todas as transações, chamado de blockchain – é considerada pelos especialistas como segura contra fraudes. Tanto que instituições financeiras estudam seu uso. “É confiável porque ninguém consegue mexer no registro sem que os outros participantes da rede estarem cientes e aprovarem”, explica o diretor de pesquisa e inovação do Bradesco, Antranik Haroutiounian.

O elo fraco desse mercado são as empresas que realizam conversões. Há usuários que deixam sua chave de acesso ao sistema – sem a qual não é possível fazer transações – em poder dessas empresas. No caso de ataques hacker, os valores podem ser roubados. Foi o que aconteceu com clientes da sul-coreana Bithumb em julho deste ano, quando os invasores conseguiram dados dos clientes para, posteriormente, enganar os usuários e conseguir acesso a suas contas, roubando os valores.

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Outro caso famoso foi o da corretora japonesa MT Gox, que foi à falência em fevereiro de 2014, quando informou que cerca de 850.000 bitcoins foram perdidos. O prejuízo foi de quase 28 milhões de dólares (88,8 milhões de reais). O responsável pela empresa, Mark Karpelès, está sendo julgado no Japão.

Entre as dúvidas se o fenômeno é passageiro e a valorização é só uma bolha, estão os que apostam no futuro da tecnologia do bitcoin. Para o CEO do Mercado Bitcoin, Rodrigo Batista, esse mercado tem potencial de uso para causar uma revolução tal como o MP3. “Isso é só uma camada de algo que ainda não podemos conceber ainda”, estima.

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