Bolsa cai 0,6% em ‘ressaca’ após a aprovação da Previdência no plenário
Investidores aproveitaram o dia para realizar lucros o que levou à primeira queda do índice em dez dias; dólar fechou quase estável, cotado a R$ 3,75
Em dia de ”ressaca” dos mercados após a aprovação, em primeiro turno, da reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda de 0,63% aos 105.146 pontos, com os investidores realizando os lucros (vendendo ações). É o primeiro pregão negativo em 10 dias. O dólar seguiu o mesmo movimento e teve leve queda de 0,2%, cotado a 3,75 reais na venda, também influenciado pelo otimismo por uma queda na taxa de juros dos Estados Unidos.
Após meses de expectativa pela votação no plenário, a principal pauta para os investidores neste ano foi aprovada, em primeiro turno. E por muito. Foram 379 à favor e 131 contra.
Como diz o jargão do mercado, “a bolsa subiu no boato e caiu no fato”. Com a aprovação, os investidores aproveitaram o dia para realizar lucros acumulados. De preocupação, fica o receio pela votação dos destaques do texto-base da reforma, que seriam votados nesta quinta-feira. A sessão foi suspensa antes das pautas serem apreciadas.
Isso porque, líderes partidários se reuniram, em separado, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) para definir quais destaques deveriam, de fato, seriam votados. A ideia do governo é convencer algumas bancadas a desistir de suas pautas para acelerar a tramitação. A expectativa é que as votações ocorram ainda nesta quinta à noite ou na sexta pela manhã.
Para Matheus Soares, analista da corretora Rico Investimento, os investidores têm um pequeno receio de que os destaques desidratem a reforma, mas o cenário ainda é muito otimista. “Isso [suspensão da votação dos destaques] talvez tenha trazido volatilidade. Mas o mercado está acreditando muito na aprovação”, afirma ele.
No calendário, não houve prejuízos, na visão dos investidores. Se de fato atrasar, a votação que estava prevista para sexta deve ocorrer apenas no sábado, segundo Maia. A data está em linha com o objetivo do governo de votar os dois turnos até o recesso parlamentar, em 18 de julho.
No cenário externo, que tem mais influência sobre o dólar, o dia foi de mais sinalizações de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA). Ontem, o presidente do colegiado, Jerome Powell, já tinha dado sinais que a próxima reunião deve ser de corte de juros, o primeiro em uma década. Atualmente a taxa está entre 2,25% e 2,5%.
Nesta quinta, segundo dia de seu depoimento no Congresso, ele disse que o Fed vai “agir conforme apropriado” para defender a economia, o que foi entendido pelos investidores como mais um sinal de redução. A próxima reunião do órgão está marcada para os dias 30 e 31 de julho e as expectativas do mercado seguem em linha com uma tão esperada redução.