O tom negativo prevalecia na bolsa brasileira nesta quarta-feira, refletindo a cautela ante o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e do viés desfavorável externo diante de novos desdobramentos do embate comercial entre Estados Unidos e China.
Às 11h55, o Ibovespa caía 1,49%, a 83.366 pontos. O volume financeiro era de 2 bilhões de reais naquele horário.
A expectativa sobre o julgamento e o cenário externo também afetam a cotação do dólar. A cotação do dólar comercial atingiu 3,3578 reais nesta quarta-feira, uma alta de 0,54% em relação ao fechamento de ontem.
O plenário do STF começa a analisar no início da tarde pedido de habeas corpus da defesa de Lula, que busca impedir que ele seja preso antes de esgotados recursos em todas as instâncias do Judiciário contra a condenação a doze anos e um mês de prisão imposta pelo TRF4 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá (SP).
A preocupação do mercado sobre o resultado, principalmente no caso de uma decisão favorável a Lula, está atrelada a um potencial imbróglio jurídico que poderia envolver a eleição presidencial no caso de candidatura do petista, adicionando volatilidade e incerteza aos mercados financeiros locais.
O panorama externo reforçava o tom defensivo no pregão brasileiro, após a China responder rapidamente aos planos da administração Trump de adotar tarifas sobre 50 bilhões de dólares em bens chineses, retaliando com taxas similares uma lista de produtos importados dos Estados Unidos como soja, aviões, carros, carne e produtos químicos.
Expectativas
O analista Filipe Ferreira, da ComDinheiro, explica que o cenário também foi de queda no mercado externo e aliado a isso as questões políticas políticas no Brasil tiveram impacto significativo nos indicadores na manhã desta quarta-feira, com o Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas na bolsa brasileira, chegando a cair 2%.
A expectativa de especialistas é que com a definição do julgamento no STF haja a retomada dos negócios e, mesmo com cenário externo desfavorável, a bolsa brasileira tende a recuperar as perdas.
“Algumas empresas já estão descoladas do índice e apresentam alta na cotação dos seus papéis”, diz Ferreira.
Neste cenário estão especialmente as exportadoras, que acabam se beneficiando com a alta do dólar. Companhias do setor de energia também operam com menos perdas. “Essas empresas têm o que chamamos de papéis definitivos e os investidores costumam procurá-las quando há stress no mercado”, explica o economista e sócio da Horus GGR, Tiago Schietti.
Para ele, até o início do julgamento, marcado para 14 horas, a tendência é de oscilação na bolsa brasileira. “O mercado ficará cauteloso e com pouco volume negociado, mas, dependendo da fala inicial da ministra Cármen Lúcia, a tendência já é de recuperação e com a decisão pode ter até uma alta forte na Bolsa, mesmo com o cenário internacional adverso”, considera Schietti.
(Com Reuters)