Bolsonaro afirma que vetará reajuste de servidores a pedido de Guedes
Categorias foram excluídas da contrapartida costurada entre o governo e o Congresso Nacional para pacote de auxílio a estados e municípios
Depois de cruzarem a pé a Praça dos Três Poderes entre o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) para uma reunião marcada às pressas com o presidente da Corte, Dias Toffoli, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, falaram à imprensa à frente do STF. Depois do novo apelo do ministro para que os funcionários públicos deem sua “parcela de contribuição” durante a pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro admitiu que vai vetar o trecho do projeto de auxílio a estados e municípios, aprovado pelo Senado nesta quarta-feira 6, que exclui profissionais da proibição de reajustes de salários por 18 meses. “Eu sigo a cartilha de Paulo Guedes na economia”. O presidente argumentou que a proposta original do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, era cortar 25% dos vencimentos do funcionalismo. “Paulo Guedes decidiu que podia ser menos drástico”, disse ele.
“Certas medidas minhas não agradam o setor de cidades, mas eu sou o chefe do Executivo para tomar decisões. E as decisões que eu tomo ouvindo os meus ministros. Nessa área, o Paulo Guedes é o senhor da razão, nós, se essa for a orientação dele, vetaremos esse dispositivo”, ratificou o presidente. Segundo os cálculos de Guedes, os montantes economizado com a proibição de reajuste do funcionalismo somam 130 bilhões de reais, “utilizados para estender programas sociais e salvar vidas”.
“Renovo meu pedido de contribuição do funcionalismo público”, disse Guedes, argumentando que os servidores têm estabilidade e salários acima dos pagos pela iniciativa privada. O ministro da Economia afirmou que a visita de Bolsonaro ao STF serviu para levar a realidade da economia brasileira, relatada por empresários, à presidência da Corte. Pela manhã, o presidente e Guedes realizaram uma reunião com empresários. Estavam presentes líderes dos exportadores (AEB), representantes da Anfavea (fabricantes de carros), da Abiquim (química), do Instituto Aço Brasil, entre outros, conforme antecipou a coluna Radar.
O presidente levou as demandas do empresariado à presidência do STF. Ele argumentou que “dez milhões de empregos formais deixaram de existir” e que muitos informais estão sobrevivendo com o auxílio emergencial de 600 reais pagos pelo Ministério da Economia para este contingente.
Durante a rápida reunião com o presidente do Supremo, Bolsonaro voltou a afirmar que o combate à doença “não pode ser mais danoso” que o próprio vírus. “Os empresários trouxeram essas aflições, a questão do desemprego, a questão da economia não mais funcionar. O efeito colateral do combate ao vírus não pode ser mais danoso que a própria doença”, disse ele. A reunião foi transmitida ao vivo pelas redes do presidente. Após a reunião, Guedes voltou a repetir que os “sinais vitais” da economia estão preservados, elencando as medidas emergenciais do Ministério da Economia como motivo central, mas disse que “estamos indo para UTI em termos de engrenagem econômica”.
O chefe da Economia externou preocupação com uma possível crise de desabastecimento e consequente “desorganização social”. “Daqui a 30 dias pode faltar nas prateleiras e desorganizar a produção brasileira. Não só colapso econômico, mas desorganização social”, disse Guedes. Além dos empresários, os ministros Walter Braga Netto, da Casa Civil, e Fernando Azevedo e Silva, da Defesa, acompanharam o presidente e o chefe da Economia. Parlamentares como o deputado Helio Lopes (PSL-RJ) e Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, também fizeram o périplo.