O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) disse desconhecer a notícia da abertura de inquérito pela Polícia Federal para investigar supostas irregularidades cometidas pelo futuro Ministro da Economia, Paulo Guedes, entre 2009 e 2013, envolvendo decisões de investimento de fundos de pensão de funcionários de estatais.
Depois de participar de uma formatura de cadetes aspirantes a oficial do Exército, na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende, no sul do estado do Rio, Bolsonaro respondeu com irritação à questão. A Polícia Federal analisa se Guedes cometeu irregularidades na gestão financeira de fundos de investimento.
“Desconheço investigação sobre Paulo Guedes. Eu integro o Poder Legislativo e integrarei o Executivo. Isso compete ao Judiciário”, respondeu.
Bolsonaro também comparou o caso com o processo aberto contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF) por apologia ao crime de estupro e injúria, em 2016. O processo foi aberto após ele ter dito, em 2014, que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) não merecia ser estuprada porque a considerava “muito feia” e por “não fazer” seu “tipo”.
“Eu sou réu no STF, e daí? Vão me questionar agora? Eu defendi uma condenação para estuprador e acabei sendo réu no processo. É justo isso? O povo entendeu que era uma injustiça que estavam fazendo comigo, tanto é que votou em mim”, alegou.
O presidente eleito, no entanto, afirmou que qualquer robustez em denúncias contra ministros levará ao afastamento, “independentemente de quem seja”.
A abertura de inquérito pela Polícia Federal atende a pedido feito pelo Ministério Público Federal em Brasília em outubro, que, por sua vez, foi alertada para o caso pela Previc (a autarquia do governo que supervisiona operações na área de previdência). A suspeita é que Guedes tenha eventualmente praticado os crimes de gestão fraudulenta ou temerária ao operar e captar recursos de fundos de pensão de funcionários de estatais.
“A defesa de Paulo Guedes reafirma a lisura de todas as operações do fundo, que, diga-se de passagem, deu lucro aos cotistas, incluindo os fundos de pensão. Espera também que a investigação – agora corretamente conduzida no âmbito da Polícia Federal – apure as incoerências do relatório irregular produzido na Previc”, afirmaram, por meio de comunicado, os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso.
Bolsonaro disse também que fará o máximo possível para que não haja o contingenciamento de verbas para as Forças Armadas por causa da crise fiscal do governo federal. “O que eu e muita gente entendemos é que Forças Armadas não é despesa, é investimento”, declarou.
(Com Estadão Conteúdo)