O presidente Jair Bolsonaro fez nesta segunda-feira, 29, um apelo público ao presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, para que a instituição financeira estatal reduza os juros dos empréstimos cobrados do setor agropecuário, durante discurso na cerimônia de abertura da Agrishow, feira do setor agropecuário realizada em Ribeirão Preto (SP).
“Eu apenas apelo, Rubens —me permite fazer uma brincadeira aqui, né?—, eu apenas apelo para o seu coração, para o seu patriotismo, para que esses juros —tendo em vista você parecer um cristão de verdade — caiam um pouquinho mais. Tenho certeza que as nossas orações tocarão o seu coração”, disse o presidente.
A afirmação fez com que as ações ordinárias —que dão direito a voto— do Banco do Brasil chegassem a cair 1,72% no Ibovespa, por volta das 12h30. Às 15h33, os papéis da estatal estavam em queda de 0,62%.
Ativos de outros bancos também acompanharam o movimento. As ações preferenciais do Bradesco, por exemplo, estavam, às 15h33, entre as mais negociadas do dia e apresentavam queda de 1,31%. No mesmo horário, os papéis preferenciais do Itaú caiam 0,53%.
Bolsonaro também defendeu a realização de uma reforma agrária “sem viés ideológico” que deve começar pelo o que ele chamou de “lotes ociosos”.
Além disso, o presidente disse que será disponibilizado mais 1 bilhão de reais para o seguro rural, mas não deu detalhes. “Vocês, do campo, precisam de ajuda em alguns setores, não apenas que o Estado não atrapalhe, precisam de ajuda. Agradeço aqui o nosso prezado Rubem Novaes, presidente do Banco do Brasil, que traz 1 bilhão de reais para investir nessa área”, afirmou o presidente em seu discurso.
Intervenção no banco
Na semana passada, Bolsonaro já havia vetado uma propaganda do Banco do Brasil que estimula a abertura de conta- corrente por meio do aplicativo da instituição financeira e é marcado pela diversidade e juventude dos personagens. O diretor de comunicação e marketing da estatal, Delano Valentim, foi afastado do cargo.
O Banco do Brasil afirmou que o presidente da instituição, Rubem Novaes, concordou com Bolsonaro sobre a necessidade de retirar do ar a peça publicitária. O afastamento de Valentim, que está de férias, foi um “consenso”, segundo o banco, que não informou o motivo do veto presidencial à campanha, que estava no ar desde o início de abril.
(Com Reuters)