Boom de privatizações deve ocorrer só em 2021, diz secretário da Economia
Segundo Salim Mattar, da área de desestatização, este ano deve ser marcado por desinvestimentos do governo federal
O secretário de desestatização e desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, reconheceu que o governo de Jair Bolsonaro vai realizar poucas privatizações de estatais ao longo deste ano. Segundo ele, o mercado deve esperar uma grande quantidade de privatizações apenas em 2021.
“Acreditamos que no ano de 2019 acontecerão poucas privatizações, mas muitos desinvestimentos”, afirmou Mattar, durante entrevista no Palácio do Planalto. “No segundo ano, acelera-se o volume de privatizações e conclui a grande quantidade no ano de 2021.”
Em janeiro, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, o ministro da Economia, Paulo Guedes, havia previsto que o governo arrecadaria 20 bilhões de dólares (79,3 bilhões de reais) em privatizações neste ano, o que contribuiria para melhorar o resultado fiscal do governo, cujo déficit previsto é de 139 bilhões de reais. Mattar deixou claro que a previsão do ministro não deve se concretizar.
O secretário afirmou que a preparação de uma empresa estatal para venda demora, atualmente, de seis meses a um ano e meio, de forma a cumprir a legislação e as exigências dos órgãos de controle. Segundo ele, é mais fácil para o governo vender participações em empresas, cujo prazo para conclusão do processo varia de 60 a 90 dias.
“Desinvestimentos acontecerão mais cedo, mas as privatizações vão acontecer. É uma questão de ajuste”, afirmou o secretário, comparando os primeiros meses de gestão à preparação de uma orquestra sinfônica: “nesses quatro meses de governo estamos ensaiando para fazer essa orquestra funcionar, e vai funcionar”.
Mattar criticou governos passados de orientação social-democrata –que, segundo ele, acreditavam num Estado empresarial. “É incongruente. Ou é Estado ou é empresário. Este governo tem uma direção diferente dos anteriores. Este governo gosta de capital, de empresário, de lucro, porque acredita que somente a iniciativa privada é criadora de riqueza e geradora de empregos. O Estado é um ente improdutivo, absolutamente improdutivo”, afirmou.