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Bradesco não quer saber de risco de crédito em 2025 e será conservador

Bradesco aposta em linhas de negócios mais resilientes a problemas econômicos, como o segmento de clientes de alta renda

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 fev 2025, 14h27 - Publicado em 7 fev 2025, 10h03

Após registrar um crescimento de 12% no ano passado em sua carteira de crédito, que somou 981,7 bilhões de reais, o Bradesco não quer correr riscos desnecessários em 2025, diante de um cenário macroeconômico que considera “desafiador”. Na nota enviada sobre os resultados de 2024 enviada à imprensa nesta sexta-feira 7, seu executivo-chefe, Marcelo Noronha, afirma que o banco “já reduziu o apetite ao risco na concessão de crédito.”

“Nossa carteira de crédito crescerá em linha com o mercado em 2025″, disse Noronha na nota. “Nossa opção é por garantir a sustentabilidade da nossa jornada, evoluindo com segurança e mantendo o custo de crédito sob controle”. De acordo com o guidance de 2025 (conjunto de metas que serão perseguidas), o Bradesco espera elevar sua carteira de crédito expandida entre 4% e 8%.

A cautela com o cenário econômico também levará a instituição a enfatizar “os negócios mais resilientes, como agronegócio, alta renda, seguros e emissão de dívida corporativa”, segundo a nota à imprensa. “Criamos uma diretoria no Atacado para atender o agronegócio e estamos concluindo a aquisição de 50% do banco John Deere”, acrescentou Noronha.

O banqueiro acrescentou que aposta no crescimento das receitas neste ano, mantendo o risco de crédito controlado, para melhorar a rentabilidade da operação. O Bradesco encerrou dezembro com um retorno sobre o patrimônio médio (ROAE, na sigla em inglês) de 12,7%. Isso representou um avanço de 5,8 pontos percentuais sobre doze meses antes.

Pelo guidance, a instituição buscará uma margem financeira líquida de 37 bilhões a 41 bilhões de reais neste ano. Essa conta representa a margem financeira líquida total, menos as provisões para devedores duvidosos expandida (PDD). Em 2024, a margem financeira líquida do Bradesco foi de 34 bilhões de reais, e o PDD, de 29,7 bilhões.

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Outras metas divulgadas hoje são um crescimento de 4% a 8% nas receitas de prestação de serviços, uma alta de 5% a 9% nas despesas operacionais, e de 6% a 10% no resultado das operações de seguros, previdência e capitalização.

Completando um ano no comando do Bradesco, Noronha acrescentou que seguirá com a reestruturação do banco. “Continuaremos a investir na nossa transformação, o que aumentará a nossa competitividade no longo prazo”, afirmou na nota à imprensa.

Lucro líquido recorrente do Bradesco cresce 20% em 2024

O Bradesco reportou lucro líquido recorrente de 19,6 bilhões de reais em 2024. O resultado é 20% maior que o do ano retrasado, quando lucrou 16,3 bilhões. Os analistas, no entanto, preferiram destacar os ganhos do quarto trimestre em suas primeiras manifestações nesta manhã de sexta-feira 7. Entre outubro e dezembro, o lucro recorrente do banco foi de 5,4 bilhões, acima das expectativas do mercado e 88% maior que os 2,9 bilhões do quarto trimestre de 2023.

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Segundo o release de resultados divulgado hoje, o Bradesco obteve 63,7 bilhões de reais de margem financeira com suas transações no ano passado. A cifra é 2,3% menor que a de 2023 e a queda foi puxada pela menor margem obtida com transações com clientes. Essa linha do balanço somou 61,6 bilhões de reais, 5% menor que o de um ano antes.

Economia na berlinda

No release à imprensa, o Bradesco não detalhou o que desafia a macroeconomia em 2025, mas basta olhar para a deterioração das expectativas de mercado para se ter uma ideia. No plano internacional, a imprevisibilidade do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cria volatilidade nos principais mercados globais desde sua posse em 20 de janeiro. As sobretaxas a importação que anunciou e adiou devem pesar no bolso dos consumidores americanos, pressionando o Federal Reserve a interromper e, no limite inverter, o ciclo de corte de juros.

O reflexo imediato no Brasil será a alta do dólar, com os investidores internacionais buscando refúgio nos títulos de dívida dos Estados Unidos. A valorização da moeda americana pressionará a inflação e dificultará ainda mais o trabalho do Banco Central. Para piorar, os analistas não se convenceram de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está, mesmo, comprometido com o ajuste fiscal para conter a disparada da dívida pública. Com isso, os agentes financeiros exigem um prêmio de risco maior para financiar a dívida federal.

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Completando o quadro, os eventos climáticos extremos prejudicam as safras e elevam a inflação dos alimentos. Tudo somado, o último Boletim Focus do BC indica que, na média, os analistas projetam uma inflação de 5,51% para este ano, acima dos 4,83% de 2024  e do teto da meta de 4,5% pelo segundo ano consecutivo.

Ao mesmo tempo, o Focus aponta para uma taxa básica de juros, a Selic, em 15% em dezembro, maior que os atuais 13,25%. Isso mostra que a alta da taxa básica de juros, a Selic, está perdendo o efeito de conter os preços. O quadro leva parte dos economistas a afirmar que o Brasil corre o risco de enfrentar uma situação de dominância fiscal, quando a política monetária perde a capacidade de conter a inflação, sabotada pelo desequilíbrio das contas públicas e pela disparada da dívida da União.

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