Brasil propõe rede digital global para combater mudanças climáticas
Iniciativa pretende reduzir em até 40% o tempo de resposta a desastres naturais, além de dar mais transparência às ações de combate ao aquecimento global
O Brasil vai propor a criação de uma rede digital global para combater a a mudança climática e evitar que o aquecimento do planeta ultrapasse a marca de 1,5 grau Celsius. Batizado de Infraestrutura Digital Pública Global para o Clima (Climate DPI, na versão em inglês), o projeto pretende criar uma articulação mundial entre governos, empresas privadas, mercado financeiro, cientistas, organizações não governamentais e comunidades.
Na prática, o Climate DPI seria constituído por cinco camadas integradas de sistemas e bases de dados. A primeira seria voltada para a identificação e rastreabilidade de pessoas, organizações e ativos financeiros vinculados a projetos climáticos e de conservação ambiental. Neste nível, seria possível rastrear todo o ciclo de um projeto, desde a alocação de investimentos até a redução de emissões.
A segunda camada da rede trataria de pagamentos e transações envolvendo contratos inteligentes baseados em tecnologias de blockchain e tokenização para a transferência de recursos financeiros, compensações e emissões de créditos de carbono.
Na terceira camada, os usuários encontrariam um amplo banco de dados sobre as mudanças no clima e nos biomas do planeta, abastecido por informações de satélites, sensores ambientais e observações de comunidades locais.
A camada seguinte serviria para desenvolver serviços de utilidade pública como alertas de desastres naturais, monitoramento de florestas, acompanhamento do mercado de créditos de carbono e previsão de riscos climáticos, entre outras aplicações. A última camada tornaria todas as anteriores acessíveis a toda a população, por meio de diversas interfaces, como websites, mensagens de texto via celular, rádios comunitárias e dialetos locais.
O Climate DPI foi desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro e pelo pesquisador Ronaldo Lemos, a pedido do presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago. Segundo seus idealizadores, a rede digital permitiria resultados concretos como o monitoramento em tempo real de emissões e desmatamento, a maior transparência nos mercados de carbono, a redução de até 40% no tempo de resposta a desastres e a cobertura global de alertas climáticos até 2035.







