Brasil tem abundância natural e alto custo de capital no setor de energia, diz representante do BNDES
Em evento de VEJA, Fábio Kono reforça o papel do banco como facilitador de negócios em cenários desafiadores para o empresariado

O Brasil se encontra em uma situação bastante particular quando o assunto é geração e distribuição de energia. Ao mesmo tempo que o país dispõe de recursos naturais fartos para a geração de eletricidade renovável, o custo de capital é elevado, o que dificulta investimentos. A análise é de Fábio Kono, assessor de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES — o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. “Temos uma demanda de como gerir essa abundância natural”, diz o executivo, durante o VEJA Fórum de Energia Elétrica, nesta segunda-feira, 29, em São Paulo.
O BNDES busca a melhora das condições de acesso ao capital para “destravar” investimentos — principalmente em momentos de juros muito elevados como o atual –, aponta Kono. Ao mesmo tempo, a conjuntura econômica brasileira é volátil, com mudanças um tanto súbitas em indicadores macroeconômicos, fator que traz insegurança para investidores e também demanda atenção do BNDES. “Projetos de energia tipicamente olham horizontes de 20 anos ou mais”, diz o analista do banco de desenvolvimento. “Buscamos ser um apoio anticíclico para endereçar situações de estresse e auxiliar em projetos que ficariam perdidos pelo caminho sem esse apoio”.
Apesar das dificuldades remanescentes no acesso a capital, Kono diz que o Brasil faz inveja em pares internacionais por conta da suas riquezas naturais e decisões acertadas para ter uma matriz renovável. “Nossa matriz elétrica é uma vantagem comparativa que nos coloca numa posição bastante diferenciada”, diz. Para que o setor siga progredindo, o representante do BNDES defende que o banco siga investindo não apenas em projetos de geração de energia renovável, mas no estímulo para que essas fontes de energia sejam mais amplamente adotadas pelo setor produtivo.