Depois de quase cinco anos após o desastre de Mariana (MG), a mineradora anglo-australiana BHP enfrentará um processo no Reino Unido no valor de 5 bilhões de libras, o equivalente a 33,8 bilhões de reais. A BHP é sócia da brasileira Vale na joint-venture Samarco, responsável pela operação na cidade mineira. O desastre matou 19 pessoas e causou danos irreparáveis ao meio ambiente.
A ação coletiva é movida por mais de 200.000 pessoas e conta com o apoio institucional de 25 municípios, 530 empresas e uma arquidiocese católica e até a comunidade indígena no Brasil Crenaque. Segundo Mario Antonio Coelho, prefeito de Barra Longa, município de 6.000 habitantes que foi severamente impactado pelo colapso da barragem, “a decisão de apresentar a reivindicação na Inglaterra se deve à falta de resposta da justiça no Brasil, do 12º Tribunal Federal ou em qualquer outro lugar ”. Tom Goodhead, sócio-gerente do escritório de advocacia PGMBM, que representará os litigantes, diz que “As empresas públicas no topo da estrutura do grupo BHP, devem assumir a responsabilidade final pelo desastre, até agora foram poupadas pela justiça brasileira”.
Desde o colapso da barragem de Mariana, que derramou 50 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro no Rio Doce, foram iniciados processos contra a Samarco, a Vale e a filial da BHP no país. Contudo, o julgamento do caso e a aplicação de multas à Samarco correm de maneira lenta, à moda da Justiça brasileira. Em 2019, treze executivos que foram denunciados pelo rompimento da barragem foram excluídos do processo. Restaram oito e nenhum deles foi julgado ainda. Além disso, segundo dados da Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais, dos 301 milhões de reais em multas aplicadas à Samarco até o fim de 2019, cerca de 229 milhões de reais ainda não haviam sido pagos.