Brics critica protecionismo e foca em Trump, mesmo sem menção direta ao americano
Declaração final da cúpula do bloco critica políticas comerciais unilaterais, no contexto do tarifaço promovido pelo republicano

Sem citar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas em uma clara referência às políticas adotadas por ele, os países do Brics expressaram “graves preocupações” em relação ao avanço do protecionismo e ao uso de medidas unilaterais no comércio internacional.
“Expressamos sérias preocupações com o crescimento de medidas unilaterais, tarifárias e não tarifárias, que prejudicam o comércio internacional e vão contra as normas estabelecidas pela OMC (Organização Mundial do Comércio)”, afirma um trecho da declaração final da cúpula que está reunida no Rio de Janeiro neste domingo, 6, e na segunda-feira, 7.
Apesar de os Estados Unidos não serem mencionados nominalmente, pessoas próximas às negociações disseram que as críticas têm como alvo principal as ações de Trump, especialmente os tarifaços impostos durante sua gestão.
O documento também condena práticas protecionistas justificadas por alegações ambientais, numa alusão a decisões da União Europeia que afetaram exportações agrícolas brasileiras. Entre elas, está a Lei Antidesmatamento da UE, prevista para entrar em vigor em 2026, que impõe restrições a produtos como carne e soja do Brasil e óleo de palma da Indonésia — país que recentemente passou a integrar o Brics.
Outro trecho da declaração alerta para os riscos da adoção crescente de barreiras comerciais: “O aumento de tarifas e de medidas não tarifárias, assim como o protecionismo disfarçado de preocupações ambientais, pode afetar negativamente o comércio global, prejudicar cadeias de suprimento e criar incertezas na economia e nos negócios internacionais.”