Cambridge Analytica teve acesso a mensagens privadas de 1.500 usuários
Ao notificar usuários sobre dados compartilhados, a rede social também avisou sobre as mensagens
O Facebook compartilhou mensagens privadas de 1.500 usuários com a consultoria Cambridge Analytica, segundo o site norte-americano WIRED. Essa informação cria um um novo capítulo do escândalo envolvendo os dados pessoais de 87 milhões de membros da rede social.
Segundo o site, o Facebook informou os usuários afetados que eles também tiveram outros dados pessoais compartilhados. Os alertas começaram a ser distribuídos nesta segunda-feira.
“Um pequeno número de pessoas que fizeram o login no aplicativo This Is Your Digital Life também compartilharam seu próprio feed de notícias, linha do tempo, posts e mensagens”, dizia a mensagem do Facebook.
Um porta-voz da rede social informou ao WIRED que o aplicativo solicitava ao usuário acesso às mensagens pela permissão “ler caixa de mensagens”. Ainda que o Facebook diga que desativou recursos que permitiam a coleta de informações específicas dos usuários em abril de 2015, a permissão “ler caixa de mensagens” foi descontinuada apenas em outubro daquele ano.
De acordo com a publicação, a solicitação estaria agrupada em uma lista com outras permissões benignas, como data de aniversário e fotos do perfil. Assim, é possível que alguns usuários tenham aprovado o acesso à própria caixa de mensagens sem perceber.
O Facebook confirmou ao WIRED a quantidade de pessoas afetadas, mas o número pode ser maior – qualquer usuário que tenha mandado ou recebido mensagem dessas 1.500 pessoas também pode ter tido o conteúdo das mensagens acessada por terceiros. Nas redes sociais, a Cambridge Analytica negou que tenha tido acesso a mensagens privadas.
Escândalo
O Facebook envolveu-se em um escândalo sobre os dados de seus usuários após o jornal The New York Times revelar que a Cambridge Analytica, consultoria que participou da campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, obteve dados de 87 milhões de usuários. A consultoria teria usado informações da rede social para ajudar Trump a vencer a eleição em 2016. A companhia afirma não ter feito nada de ilegal.
O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, participou ontem de uma audiência no Comitê de Energia e Comércio da Câmara de Representantes, do Congresso americano, para responder a questionamentos sobre a proteção de dados de seus usuários.
Zuckerberg respondeu a todas as perguntas, mas apresentou apenas explicações básicas sobre o funcionamento da rede social e o uso dos dados para a personalização de anúncios na maioria das réplicas. Também repetiu constantemente que o usuário tem total liberdade para escolher quais informações decide tornar públicas ou postar na plataforma, de forma que sua empresa só tem acesso àquilo que é autorizado, e que o Facebook não vende as informações publicadas.
Em seu discurso inicial, Zuckerberg assumiu toda a culpa pelo uso indevido de dados por parte da Cambridge Analytica. “Não tivemos uma visão o suficientemente ampla da nossa responsabilidade, e isso foi um grande erro. E foi erro meu. E sinto muito”, afirmou Zuckerberg no congresso.