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Campanha de papel higiênico preto é acusada de racismo

Para os críticos da campanha, marca desrespeitou o movimento negro ao se apropriar do slogan de sua luta para vender papel higiênico

Por Da redação
Atualizado em 24 out 2017, 16h38 - Publicado em 24 out 2017, 11h48

A campanha publicitária do papel higiênico preto Personal Vip Black, fabricado pela empresa Santher, foi acusada de racismo. Nas redes sociais, a marca foi acusada de se apropriar do slogan ‘Black is Beautiful’ (preto é lindo), usado pelo movimento negro americano desde a década de 1960.

O comercial do Personal Vip Black é estrelado pela atriz Marina Rui Barbosa, que é ruiva. O fato de uma mulher branca protagonizar a campanha também foi questionado nas redes sociais.

Um dos críticos da campanha foi o escritor Anderson França, o Dinho. Em postagem nas redes sociais, ele afirma que ‘se você digitar “black is beautiful” em qualquer lugar do mundo encontrará referências a Angela Davis, Malcolm X, O Partido Panteras Negras para Autodefesa, Fela Kuti, James Baldwin, Nina Simone’.

“Mas, no Brasil, se você digitar #blackisbeautiful você vai encontrar papel de bunda. […] Aquilo que você usa pra se limpar de excremento, e em seguida elimina, tomado de nojo e aversão. Aquilo que tem apenas uma função: limpar fezes e secar urina de suas carnes, e ir para o lixo. Se isso não é uma demonstração explícita de racismo e humilhação étnica, criminosa, eu perdi alguma aula.”

O Coletivo Sistema Negro também criticou a utilização do slogan negro na campanha da Personal. “Quando nós negros criamos uma frase (Black is Beautiful) é para empoderar e viabilizar nossa existência, dado que nossas vidas valem menos no cotidiano de uma sociedade racista… Não é e nunca será para vender papel higiênico!”

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A luta contra a discriminação racial nos Estados Unidos, em meados do século passado, envolveu diversas manifestações públicas contra a segregação dos negros, muitas delas reprimidas com violência pelas forças policiais. Um dos casos mais emblemáticos foi o de Rosa Parks, que em 1º de dezembro de 1955 se recusou a sair do assento em que estava, destinado a brancos, em um ônibus na cidade de Montgomery, Alabama. Rosa foi detida, e o fato gerou uma onda de protestos que culminaram com a revogação da segregação em transportes públicos.

Na década de 1960, artistas, intelectuais e outras personalidades demonstravam o orgulho de ser negro e da sua cultura como forma de combater a discriminação. O slogan desse sentimento, parte do movimento “Black Power”, era “Black is Beautiful”, que foi inspirado na obra do poeta negro Langston Hughes.

Outro lado

Procurada por VEJA, a agência Neogama, responsável pela campanha, e a Santher, empresa dona da marca, disseram que o único objetivo da mensagem foi o “de destacar um produto que segue tendência de design já existente no exterior”, e que não houve pretensão de nenhum outro significado. “Refutamos toda e qualquer insinuação ou acusação de preconceito neste caso e lamentamos outro entendimento que não seja o explicitado na peça”, escreveram as empresas. A agência disse que retirou o slogan da publicidade, e pediu desculpas por eventual associação ao movimento negro “tão respeitado e admirado por nós”, escreveu.

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