O perfil de candidato que pode levar o dólar a R$ 5,50, segundo banco
Relatório do Bank of America Merrill Lynch aponta que "agenda hostil" pode derrubar PIB para -1% ano que vem
A disparada do dólar não deve perder fôlego neste semestre, tampouco no ano que vem, de acordo com projeções do Bank Of America Merrill Lynch. A moeda, que acumulou valorização de 16,98% de janeiro a junho deste ano, pode chegar a 5,50 reais em 2019 se candidatos contrários às reformas implementadas pelo governo forem eleitos em outubro, informa relatório “Brazil – Recovery runs off the road” (“Brasil – Recuperação sai da estrada”), divulgado nesta terça-feira 4 pelo banco. O documento não cita nomes de concorrentes ao pleito.
Na avaliação de André Perfeito, economista-chefe da corretora Spinelli, independentemente do candidato eleito, o dólar pode até ultrapassar 5,50 reais no ano que vem, devido à dificuldade que o futuro presidente terá em implementar novas reformas – caso ele aceite fazê-las.
“Após a greve dos caminhoneiros, qualquer corte que o governo fizer pode gerar grandes manifestações. O desafio em 2019 é fazer mudanças sem perder a governabilidade. Variações no dólar, na Bolsa e nos juros são praticamente inevitáveis”, destaca.
“A pior situação para o mercado é a que projeta Ciro Gomes ou um candidato petista para a Presidência porque ambos não devem continuar com as reformas para corte de gastos do governo. Bolsonaro também gera instabilidade porque não apresenta capacidade de articulação política”, afirma o professor de finanças públicas Fernando Botelho, economista da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Com um déficit público na ordem de R$ 500 bilhões, o governo deverá fechar a torneira dos gastos no Brasil em 2019, ressalta.
De acordo com o Bank of America Merrill Lynch, uma “agenda hostil ao mercado e altas dúvidas sobre governabilidade” também podem impactar a atividade do País e reduzir a projeção do PIB para 0,8% neste ano e para -1% em 2019. Uma conjuntura positiva, ao contrário, pode fazer o País crescer 1,7% em 2018 e 4% no ano que vem. O dólar, por sua vez, pode cair para R$ 3,30. Não à toa, o relatório aponta que 79% dos investidores acreditam que as eleições representam um risco para a economia brasileira este ano.