Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Com a taxa de juros no maior nível em duas décadas, renda fixa se torna aposta certeira

Ela vive o auge da rentabilidade e abre oportunidades para o investidor embolsar ganhos expressivos

Por Juliana Elias Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 set 2025, 08h00

Uma taxa Selic tão alta quanto a que o Brasil ostenta atualmente gera uma longa lista de efeitos nocivos para a economia e apenas um benefício imediato: a possibilidade de lucrar com aplicações atreladas aos juros. Embora o país seja conhecido como o reduto da renda fixa, raras vezes ela foi tão rentável quanto agora. “Juros altos são ruins para quem paga, mas ótimos para quem recebe, e este é sem dúvida um momento histórico para investir”, afirma George Sales, professor da escola de negócios Fipecafi. Essa percepção se sustenta não apenas no fato de a Selic, referência de todas as taxas cobradas no país, ter voltado ao maior nível em duas décadas, mas também na expectativa de que esse ciclo esteja no fim — de acordo com sinalizações do próprio Banco Central, o próximo movimento deve ser de queda. Para o investidor, a mensagem não poderia ser mais clara: quem ainda não aproveitou as aplicações atreladas à taxa Selic pode estar perdendo as últimas chances de comprar títulos com as maiores remunerações em muitos anos.

Analistas consultados pelo Banco Central no mais recente Boletim Focus projetam que a inflação de 2025 ficará em 4,85%, ante 5,07% há um mês — foi a 14ª semana consecutiva de queda nas estimativas. Para 2026, a projeção também recuou, de 4,43% para 4,31%. Com a inflação em desaceleração e a atividade econômica mostrando sinais de arrefecimento, a discussão no mercado já não é mais se, mas quando o BC começará a reduzir os juros. A expectativa ganhou força desde o fim de julho, quando a autoridade monetária, sob o comando de Gabriel Galípolo, decidiu estacionar a Selic em 15% após dez meses consecutivos de alta, um salto expressivo em relação aos 10,5% registrados apenas um ano antes. As projeções atuais indicam que a taxa deve cair para perto de 12,5% no fim de 2026 e se aproximar de 10% no ano seguinte.

arte finanças

Diante desse cenário, especialistas recomendam cautela, mas mantendo sempre o olho atento na renda fixa. “O investidor precisa ter um pouco de tudo na carteira”, afirma Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank. “Mas a Selic vai continuar alta por bastante tempo, o que significa que qualquer outro investimento precisa render mais de 15%, ou próximo disso, para compensar.” Segundo simulações do banco, com os juros atuais, o dinheiro pode se valorizar em mais de 80% em cinco anos, já descontados os impostos. Sob qualquer ângulo que se olhe, significa um retorno bastante significativo.

Na indústria financeira, é comum que papéis de prazo mais longo ofereçam taxas ligeiramente abaixo da Selic, refletindo a expectativa de que, até o vencimento, os juros já terão recuado. Essa perspectiva tem influenciado as recomendações de especialistas. Uma das mudanças é o aumento da procura por títulos prefixados, que permitem “travar” a taxa atual até o fim do contrato. Dessa forma, mesmo com a Selic em queda, o investidor garante um rendimento mais alto. “Mas há riscos que não devem ser desconsiderados”, adverte Marcelo Guterman, especialista de investimentos da gestora Western. “Embora seja o menos provável, os juros podem acabar não caindo por uma série de fatores.” Nesse caso, a vantagem dos prefixados desaparece e pode até resultar em perdas para quem precise resgatar antes do prazo. Entre os fatores de risco em um país de fortes turbulências políticas e econômicas como o Brasil estão o histórico inflacionário, o desequilíbrio fiscal persistente e as novas pressões do dólar. Por isso, analistas do mercado financeiro recomendam cuidado: prefixados apenas em pequenas doses e com prazos curtos, de no máximo dois anos.

Continua após a publicidade
NO SUPERMERCADO - Olho no preço: inflação brasileira está perdendo fôlego
NO SUPERMERCADO - Olho no preço: inflação brasileira está perdendo fôlego (Giselle Flissak/Getty Images)

Juros em níveis altos também abrem uma janela rara para planos de longo prazo, como a aposentadoria ou a faculdade dos filhos. Nesse horizonte, a aposta quase unânime dos gestores e analistas do mercado recai sobre os títulos públicos atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+. Ele oferece prazos que ultrapassam três décadas e hoje assegura um retorno real de 7% ao ano. “É um papel que protege o investidor contra a alta dos preços e ainda entrega ganhos em níveis históricos”, afirma Antônio Sanches, analista de alocação da corretora Rico. No fim das contas, a Selic elevada representa um desafio para a economia, mas também uma oportunidade rara para os investidores.

Publicado em VEJA de 5 de setembro de 2025, edição nº 2960

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas.

ÚLTIMA SEMANA

Digital Completo

O mercado não espera — e você também não pode!
Com a Veja Negócios Digital , você tem acesso imediato às tendências, análises, estratégias e bastidores que movem a economia e os grandes negócios.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 2,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.