Com Fed e Trump no foco, dólar e Ibovespa se ajustam em dia de recuperação dos mercados
Governo Trump estuda meios de demitir presidente do Fed; FMI aponta queda no crescimento do comércio global em 2025

Em dia de reabertura dos negócios no Brasil após os feriados de Páscoa e Tiradentes, o dólar fechou em forte queda de 1,3%, cotado a R$ 5,73, enquanto o Ibovespa, principal índice da B3, registrou alta de 0,6% no fim do pregão, aos 130.464 pontos.
O desempenho dos ativos hoje seguiu o ajuste registrado no exterior, após um movimento de fuga do risco ontem, em que as bolsas americanas despencaram de olho nas tensões entre o governo do presidente americano, Donald Trump, e Jerome Powell, presidente do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve.
Ao longo do dia ontem, os mercados seguiram sob intensa pressão após Trump voltar a discursar contra Powell. Além de ter chamado o chairman do Fed de “Sr. Tarde Demais” e de “grande perdedor” em seu perfil na rede Truth Social, o republicano segue estudando maneiras de demitir Powell do Fed, segundo Kevin Hassett, assessor da Casa Branca.
Caso a medida seja concretizada, ela seria uma manobra inconstitucional, com enorme efeito para os mercados ao redor do mundo. No entanto, o “fala e não faz” do presidente dos EUA já é um comportamento conhecido pelos investidores, visto os adiamentos nas tarifas recíprocas, prometidas há meses pelo republicano. Agora, os investidores aguardam cautelosamente as próximas decisões concretas de Trump.
A isso se soma o novo relatório divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta tarde. O documento aponta uma forte revisão para baixo nas previsões de crescimento do comércio mundial em 2025, uma consequência direta da guerra comercial travada desde fevereiro por Donald Trump a outros países.
De acordo com a instituição, o crescimento mundial deve atingir 2,8% em 2025, uma queda de 0,5 ponto percentual em relação à previsão anterior feita em janeiro. Nos Estados Unidos, a previsão de crescimento para este ano caiu de 2,7% para 1,8%, a maior redução entre as economias avançadas.
No Brasil, o destaque do dia foi o Boletim Focus da semana, que revisou para baixo as previsões da inflação para 2025. Segundo economistas consultados pelo Banco Central, a expectativa é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a referência oficial para a inflação no país, encerre o ano a 5,57%. Apesar da revisão para baixo, a expectativa para inflação segue acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3%.
No mercado de renda variável, a alta nas ações da Vale e da Petrobras também ajudou a impulsionar o Ibovespa. A mineradora encerrou o pregão em alta de 1,78%, enquanto a estatal avançou 0,23% ao fim da sessão.