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Com litro mais caro que a gasolina, leite ganha versões ‘alternativas’

Compostos lácteos invadiram prateleiras de supermercados; aumento dos custos de produção gera desequilíbrio dos preços, que dispararam

Por Luana Zanobia Atualizado em 18 ago 2022, 15h22 - Publicado em 17 ago 2022, 16h23
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  • O leite, uma das bebidas mais consumidas pelas famílias – em especial, as que possuem crianças – ultrapassou o preço da gasolina. Em São Paulo, o litro do leite está na faixa de 6,79 reais, 14% mais caro que a gasolina, que está sendo comercializada na faixa de 5,95 reais, segundo levantamento do Procon-SP. 

    Nos últimos 12 meses, o preço do leite já subiu 72%, saltando de uma média de 3,95 reais para 6,79 reais. No ano, a alta acumulada é de 57%, segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA). O leite passa a ser hoje o principal vilão da inflação, posto que até dias atrás era ocupado pelos combustíveis.  Assim, produtos alternativos ao leite invadiram as prateleiras dos supermercados. O leite, o leite condensado, o creme de leite e até mesmo o queijo ralado ganharam versões com diversos ingredientes, menos com o principal: leite. Para alguns, no entanto, a oferta supostamente mais “barata” passou despercebida, já que a mercadoria é vendida em embalagens praticamente idênticas e com pouca diferença de preço. A diferença só é notada se o consumidor se atentar para a embalagem, na qual vem estampado em letras pequenas “mistura láctea”. Os produtos nutricionalmente empobrecidos trazem uma mistura de amido, soro de leite e açúcar, gordura vegetal e aditivos químicos.

    A escalada dos preços está relacionada ao aumento de custos na produção do leite e à menor oferta do produto devido ao período de entressafra, mas também pela maior destinação de carnes para abate. Produzir leite ficou 62% mais caro nos últimos 12 meses e 18,1% mais caro no ano, devido a fenômenos naturais, como secas e geadas que afetam o peço dos grãos usados na alimentação dos animais, e o aumento da demanda externa. A guerra no Leste Europeu afetou o preço dos grãos pressionando os custos dos produtores de gado. “Com a guerra, as commodities subiram muito, e os grãos, que servem de alimento, tiveram o preço mais alto repassado para o consumidor final”, diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.

    Com o preço da carne em alta e aumento dos custos na produção de leite, muitos produtores migraram para a produção de carne. Em nota, o Centro de Inteligência do Leite (CILeite) destaca o desequilíbrio entre oferta e demanda, já que a produção de leite registrou queda de 9% no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo semestre do ano passado, desincentivada pelo incremento de custos e recuo das margens. Com pouco leite no campo, houve forte competição entre os laticínios na compra do produto, elevando o preço da matéria-prima.

    Dos derivados, o preço do requeijão é o que acumula a maior alta em doze meses, de 16,37%, seguido pelo iogurte, de 12,65%, leite UHT, de 12,1%, queijo prato, de 12,17%, bebidas lácteas, de 9,96% e queijo muçarela, de 9,75%. O valor do leite aumentou mais de 100% em 10 anos. De acordo com o Dieese, 50 reais compravam 20 litros de leite em 2012 ao preço médio de 2,45 por litro, hoje com a mesma quantia é possível comprar apenas 9 litros de leite.

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