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Com plano de recuperação comprometido, presidente da Saraiva deixa o cargo

Luis Mario Bilenky assumiu a liderança da varejista em janeiro, após afastamento de Jorge Saraiva Neto; diretor comercial, Deric Degasperi Guilhen, assume

Por Felipe Mendes Atualizado em 6 abr 2020, 21h27 - Publicado em 6 abr 2020, 17h20

Sob recuperação judicial desde novembro de 2018, a Saraiva amargurou quedas excessivas nos primeiros meses deste ano. No mês de fevereiro, quando desligara 97 funcionários, a varejista viu seu faturamento bruto cair 62%, passando de 178,6 milhões de reais para 67,4 milhões de reais na comparação anual. Agora, com as mais de 70 lojas espalhadas pelo país fechadas devido à disseminação do novo coronavírus (Covid-19), a empresa confirmou mais uma baixa: a renúncia de seu presidente, Luis Mario Bilenky, recém-contratado para conduzir a, então, maior rede de livrarias do país de volta ao prumo.

Bilenky, que carrega no currículo as funções de CEO da Blockbuster nos anos 1990, diretor de marketing do McDonald’s para a América Latina nos anos 1980, e diretor executivo do Grupo Fleury e do Hospital Infantil Sabará, entrou na Saraiva com a missão de substituir Jorge Saraiva Neto, afastado da presidência da varejista em decorrência de uma forte pressão por parte dos credores em 2019 – neste caso, inclusive, os credores chegaram a ameaçar reprovar o plano de recuperação judicial da empresa, o que poderia levá-la à falência automaticamente. Por conta do impasse, a recuperação judicial só foi homologada na Justiça em setembro de 2019. Não deu certo para Bilenky. Agora, quem assumirá o cargo interinamente é o diretor comercial Deric Degasperi Guilhen.

Em comunicado aos investidores, Degasperi Guilhen confirmou que assumirá todas as funções até então exercidas por Bilenky e ressaltou que “possui mais de 20 anos de experiência profissional no mercado varejista de livros”. A Saraiva, por sua vez, agradeceu a contribuição ao longo do tempo em que Bilenky esteve no cargo. Com a perda de capital, a empresa se vê pressionada por todo o mercado editorial ao acenar com a possibilidade de renegociar sua recuperação judicial em vigência. Em 2019, a varejista registrou um prejuízo líquido de 293 milhões de reais.

Retrato do setor

Nesta segunda-feira, 6, o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) divulgou sua pesquisa Painel do Varejo de Livros no Brasil, cuja apuração é realizada pela consultoria Nielsen. Segundo os números divulgados, o varejo começou a sentir a retração por conta do fechamento das unidades físicas. Entre 24 de fevereiro e 22 de março, período analisado pelo levantamento, foram vendidos 2,82 milhões de livros no país, com faturamento registrado de 128,63 milhões de reais, o que representa uma queda de 4,09% em volume comercializado e 4,44% em valor em relação a igual período do ano passado. No acumulado de 2020, no entanto, o setor ainda respira, alcançando a marca de 9,58 milhões de livros vendidos e o faturamento de 471,37 milhões de reais. Em percentuais, isso significa um crescimento de 2,69% em volume e de 1,68% em valor. Mas a próxima divulgação de resultados certamente trará um registro de queda acentuada.

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