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Com recessão, mais jovens nem estudam nem trabalham, diz IBGE

Quantidade de brasileiros entre 16 a 29 anos nesta situação subiu em 2015 e 2016; situação afeta mais as mulheres, por causa de afazeres domésticos

Por Estadão Conteúdo
15 dez 2017, 12h50

Ao aumentar o desemprego entre os jovens, a recessão elevou o número de brasileiros entre 16 a 29 anos de idade que nem estudam nem trabalham. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2017, divulgada nesta sexta-feira, 15, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o porcentual de jovens nessa situação, que se manteve estável de 2012 a 2014, saltou em 2015 e 2016, com efeito maior entre as mulheres, por causa dos serviços domésticos.

Em 2014, 22,7% dos jovens de 16 a 29 anos nem estudavam nem trabalhavam. Em 2016, essa fatia ficou em 25,8%. Como a parcela dos jovens dedicados aos estudos se manteve estável, a conclusão é que esse aumento ocorreu porque muitos perderam os empregos e desistiram de procurar trabalho. “Esse aumento dos jovens que não estudam nem estão ocupados não é resultado da diminuição da frequência escolar. Veio do aumento dos jovens não ocupados”, disse Luanda Botelho, analista da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE.

Conforme as definições dos estudos sobre mercado de trabalho, “ocupados” são apenas aqueles com emprego, formal ou não, enquanto os “desocupados” são aqueles que estão em busca de uma vaga, dispostos a trabalhar, mas não conseguem uma colocação.

Mulheres

Para além das “questões conjunturais” associadas à crise econômica, com o cruzamento dos dados sobre os jovens no mercado de trabalho e o gênero, o estudo divulgado nesta sexta-feira pelo IBGErevela que “práticas culturais” – como o fato de a mulher ser a principal responsável pelos afazeres domésticos – excluem as jovens do mercado de trabalho.

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Isso porque a desigualdade entre o porcentual de homens e o de mulheres no grupo dos jovens que nem estudam nem trabalham se manteve entre 2012 e 2016, com ou sem crise. Conforme o IBGE, as mulheres tinham, em 2016, 1,7 vez mais chances que os homens de estar nessa situação.

“É muito maior o número de mulheres fora da força de trabalho”, disse Luanda, destacando que as donas de casa são classificadas fora da força de trabalho. Segundo a pesquisadora, essa diferença não pode ser associada à escolaridade, já que as mulheres são mais instruídas dos que os homens. “Por que a mulher, se não é menos instruída, enfrenta dificuldade?”, questiona a pesquisadora do IBGE.

Motivos

A resposta da disparidade está em dados colhidos pela primeira vez na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) de 2016, sobre os motivos pelos quais os jovens de 16 a 29 anos que nem estudam nem trabalham estavam nessa situação.

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Entre os homens, o motivo mais citado, mencionado por 44,4%, foi o fato de não haver “ocupação na localidade”, ou seja, faltavam empregos em sua região. Entre as mulheres, o motivo mais citado (por 34,6%) foi ter que “cuidar dos afazeres domésticos, do(s) filho(s) ou de outro(s) parente(s)”. Esse motivo também foi citado pelos homens – mas por apenas 1,4% deles.

A constatação corrobora um fato confirmado em outro recorte da Pnad-C de 2016, divulgado semana passada pelo IBGE: as mulheres trabalham quase o dobro de horas que os homens cuidando da casa ou de pessoas da família. A média de horas dedicadas a esses afazeres no Brasil era de 16,7 horas por semana em 2016, mas as mulheres trabalhavam 20,9 horas semanais, contra apenas 11,1 horas para os homens.

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