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Como a tecnologia transforma a agricultura e a pecuária

O presidente da JBS, Gilberto Tomazoni, mostrou na Climate Week NYC como iniciativas da empresa estão colaborando com a agenda ambiental

Por Tania Menai, de Nova York
Atualizado em 25 set 2025, 09h43 - Publicado em 22 set 2025, 19h30

Em tempos de governo Donald Trump execrando a agenda ambiental, a maior metrópole dos Estados Unidos se destaca na direção contrária. Até domingo 28, a Climate Week NYC exibirá cerca de 900 eventos simultâneos espalhados por Nova York, agregando organizações públicas e privadas, governos e empresas, ativistas e artistas em torno de um bem comum: o nosso planeta.

O evento teve sua primeira edição em 2009, tornando-se desde então o maior encontro de escala global sobre o tema. Nesta semana, Nova York recebe líderes políticos, empresários, acadêmicos e ativistas internacionais para painéis e discussões e planos de ação sobre dez temas centrais para o futuro das mudanças climáticas. A edição deste ano oferece 300 eventos a mais que a edição de 2024, denotando a relevância da semana na agenda global.

No Museu de História Natural já não há mais ingressos para as palestras e workshops com especialistas e acadêmicos. Mas há como participar ativamente de ações de bairro, de conferências promovidas por empresas e debates virtuais.

Na manhã desta segunda-feira, Gilberto Tomazoni, presidente da JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, participou de um painel sobre “AgTech”, a forma como a tecnologia está transformando a agricultura e a pecuária. Ele ressaltou que o Brasil tem hoje mais que o dobro do rebanho bovino americano, e produz mais carne que os Estados Unidos. E há oportunidade de crescimento. Para isso acontecer, segundo Tomazoni, é preciso financiamento, tecnologia e assistência técnica aos pequenos produtores rurais.

Na visão do presidente da JBS, a agricultura regenerativa é a solução para a agropecuária andar de mãos dadas com o meio ambiente. “Não podemos olhar isoladamente para cada integrante de um sistema integrado: micro-organismos e saúde do solo afetam a produtividade, o nível de controle biológico, usam muito menos defensivos e fertilizantes. A biotecnologia é um elemento crucial neste quesito.”

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O CEO disse ao público que as recentes tarifas impostas ao Brasil pelos Estados Unidos não afetaram fundamentalmente a sua empresa. Ele nota que a JBS construiu uma plataforma diversificada em proteína e também na geografia, atuando em 20 países com 400 fábricas em diversos segmentos. Atualmente, 53% dos negócios da empresa são gerados nos EUA. “Essa diversificação ajuda a empresa a atenuar as diversas oscilações do mercado, sejam por ciclos naturais, questões econômicas, sanitárias ou geopolíticas”, disse.

Por outro lado, Tomazoni avalia que os empreendedores brasileiros desenvolveram tecnologias sustentáveis de qualidade e de alta produtividade — e isso pode alcançar países menos desenvolvidos, que precisam de conhecimento para atacar a pobreza e a insegurança alimentar.

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Disseminação de boas práticas

Um outro aspecto importante é o papel irradiador de boas práticas que a empresa pode exercer no setor. Em conversa com a reportagem de VEJA após a sua palestra, Tomazoni falou sobre a criação dos “Escritórios Verdes” pela JBS. Trata-se de uma maneira de ajudar gratuitamente produtores menores a adotarem padrões legais para fornecimento e consequentemente aumentar o número de fazendas adequadas para vender suas carnes à JBS.

“Não compramos de produtores que geram desmatamento. Quando os bloqueávamos na nossa lista, eles acabavam fornecendo carne para outras empresas, mas continuando com más práticas. Então mesmo depois de bloqueá-los, passamos a dar assessoria para que fiquem em conformidade com a legislação.” A JBS atende 19 mil fazendas nesses moldes.

A importância do trabalho dos Escritórios Verdes vai além de ampliar o número de fornecedores para a empresa. “Trata-se de uma assistência agropecuária que possibilita ao produtor se planejar, atuar legalmente e reacessar o sistema de crédito brasileiro. Focamos em transformar o sistema agroecológico, com vinte escritórios espalhados além de dar atendimento online para alcançar áreas remotas. Também doamos três milhões de brincos para rastrear bovinos no Pará.“

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Tomazoni destacou ainda um programa chamado “Fazenda Nota Dez”, para implementar melhores práticas e promover o nível de conhecimento de gestão em unidades produtoras. A JBS contratou a Fundação Getulio Vargas para um levantamento que analisou 103 fazendas. “Os cálculos dos pesquisadores apontaram que 31% delas são carbono positivas. Ou seja, sequestram mais carbono do que emitem.” Ele acrescenta, no entanto, que há barreiras técnicas para a venda deste carbono.

Em outra frente, o CEO apontou os investimentos da JBS em proteína artificial, uma alternativa para suprir a crescente demanda populacional nas próximas duas ou três décadas. Há alguns anos, o grupo brasileiro comprou uma empresa na Espanha, focada na reprodução celular. A equipe dessa empresa já dominou a tecnologia necessária e agora está em processo de obtenção de certificações nos Estados Unidos.

Além disso, ele lembrou que, em Santa Catarina, a JBS tem um centro de biotecnologia, voltado para o estudo de micro-organismos, bactérias, fungos e algas. A ideia com esse centro é servir de apoio ao aumento da produtividade dos alimentos no campo. “Agregamos ainda a inteligência artificial. É um bom investimento”, concluiu Tomazoni.

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