ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Como avançar na corrida tecnológica

Novas estratégias para a indústria de semicondutores no mundo – e no Brasil

Por Tim Robertson *
Atualizado em 15 jan 2025, 14h57 - Publicado em 15 jan 2025, 14h52

Os semicondutores são tão críticos para a economia do século XXI quanto o petróleo foi para o século XX. No entanto, durante o auge da parceria entre a China e o Ocidente, a importância dos semicondutores frequentemente passava despercebida. Isso mudou. O principal produtor global ainda é Taiwan, mas o aumento das tensões comerciais entre China, Estados Unidos e Europa começa a gerar o que está sendo chamado de Chip War, ou “Guerra dos Chips”.

Além disso, depois da pandemia, há o impacto dos conflitos geopolíticos como os de Israel-Hamas e da Rússia-Ucrânia, bem como as campanhas de ataques dos rebeldes houthis do Iêmen, nas rotas de transporte do Mar Vermelho. Os eventos climáticos extremos, como a seca no Canal do Panamá, também não contribuem para o fluxo comercial. Ao mesmo tempo, a demanda por semicondutores cresce exponencialmente com o avanço da tecnologia. 

A convergência do aumento na procura com as questões geopolíticas e climáticas causa disrupção no fornecimento do componente e leva à necessidade de cadeias de suprimento robustas e resilientes para os semicondutores. Uma das formas de conseguir isso é a diversificação geográfica da produção, com o fortalecimento da indústria local e o aumento da capacidade, além da criação de redundâncias que mitigam os riscos geopolíticos e de desastres naturais. 

A “Lei dos Chips”, projeto aprovado pelo congresso dos Estados Unidos que direciona 52 bilhões de dólares para desenvolvimento e produção de semicondutores, pode ser o início da revitalização da indústria americana. Segundo um estudo recente do Boston Consulting Group, a participação do país na produção global de chips pode crescer de 12% em 2020 para 14% até 2032 graças a essa legislação. Ainda é um aumento modesto, que ressalta a feroz competição global e a necessidade de contínuos investimentos no setor. 

Lembro ainda que a Intel, uma das fabricantes de chips mais tradicionais do mundo, está finalizando os trâmites com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos para um investimento de 8,5 bilhões de dólares com o objetivo de apoiar seus projetos de modernização e construção de novas fábricas, um esforço que conta com amplo apoio bipartidário.

Continua após a publicidade

Não é só nos Estados Unidos que esse movimento está ocorrendo. Empresas da Coreia do Sul planejam investir 471 bilhões de dólares até 2047 para construir 16 novas fábricas, enquanto a Europa registrou sete grandes investimentos no setor desde 2020. A Costa Rica, também chamada de “Vale do Silício da América Latina”, está se tornando relevante na cadeia de suprimentos do componente, com a Intel realizando um investimento de 350 milhões de dólares para expandir suas operações de montagem e testes no país. 

No Brasil, a Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi) anunciou investimentos de 24,8 bilhões de reais em pesquisa e desenvolvimento, aumento da capacidade produtiva e expansão de fábricas.  O governo também criou o Brasil Semicon e atualizou o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis), que prevê incentivos de 7 bilhões de reais ao ano para o estímulo à produção de chips, painéis solares e eletroeletrônicos.

No entanto, os desafios são enormes: as outras nações estão aumentando seus investimentos e o custo de construir fábricas de última geração continua alto. O sucesso das novas iniciativas de produção depende não somente de subsídios governamentais, mas também de linhas de financiamento e incentivos fiscais estratégicos.  

Continua após a publicidade

Outra parte da solução é a educação e o desenvolvimento de uma força de trabalho com habilidades para operar nessa nova fronteira tecnológica. Igualmente importante é uma estratégia de cadeia de suprimentos adequada para o novo momento da indústria. 

Com novas fábricas e tecnologias de manufatura avançadas sendo adotadas, as empresas devem otimizar suas redes logísticas para incorporar múltiplas fontes de produção nesses novos pólos globais.  É preciso adotar ferramentas avançadas de visibilidade ponta a ponta e análises preditivas, além de alinhar-se com as regulamentações e normas locais para garantir a continuidade e a resiliência operacional em um ecossistema de semicondutores cada vez mais complexo e descentralizado.

A importância de agir agora não pode ser subestimada. A demanda futura por semicondutores é certa e estamos no momento adequado para construir e testar essas redes com robusto apoio governamental. Ao adotar tecnologias avançadas impulsionadas por IA, a indústria pode melhorar a eficiência, gerenciar riscos e atender à crescente procura global. Além disso, promover o comércio aberto e diversificar mercados por meio de acordos comerciais e colaboração não criará uma nova “superpotência” de semicondutores, mas, ao invés disso, fortalecerá a resiliência da cadeia e reduzirá as disrupções no fornecimento do componente.

*Tim Robertson é CEO Americas da DHL Global Forwarding

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.