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Como Campos Neto, do BC, quer fazer você ganhar dinheiro com seus dados

Para o presidente do Banco Central, qualquer pessoa poderá vender seu histórico financeiro no futuro, em vez de dá-los de graça, como atualmente

Por Márcio Juliboni Atualizado em 4 out 2024, 15h59 - Publicado em 4 out 2024, 12h57
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  • A crescente digitalização da economia pode ser uma fonte de renda para qualquer brasileiro que consiga reunir um bom histórico de transações financeiras ao longo da vida. Não se trata apenas de provar que a pessoa é uma boa pagadora e, com isso, obter uma nota elevada de crédito no cadastro positivo. No futuro, você poderá vender essas informações aos interessados e, com isso, conseguir uma renda extra. Pelo menos, esse é o futuro imaginado por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), quando os projetos em desenvolvimento na autarquia forem concluídos.

    Segundo Campos Neto, o histórico financeiro deveria ser visto como uma “poupança de dados” formada pelos cidadãos durante a vida. Com isso, os “poupadores de dados” deveriam ser capazes de monetizá-los, o jargão do mercado financeiro para uma ideia simples: ganhar dinheiro com eles. “Essa é uma grande frustração de muita gente, porque, hoje, a gente não vende esses dados; nós os doamos”, afirmou o banqueiro, durante o Digital Assets Conference Brazil, realizado nesta quinta-feira, 3, em São Paulo.

    Para o presidente do BC, mais do que um sonho, a possibilidade de os cidadãos lucrarem com a venda de suas informações é concreta, e virá como consequência da integração dos projetos já implantados pela autarquia: o Pix, sistema de pagamento instantâneo; o Open Finance, que visa gerar mais transparência e competitividade no mercado financeiro; o Drex, a versão digital do real; e a internacionalização da moeda, a fim de agilizar transações internacionais.

    A evolução desses projetos culminará na criação de um superaplicativo que funcionará como um marketplace de produtos financeiros, em que bancos, gestoras e demais participantes do mercado disputarão entre si para oferecer os melhores produtos e condições para potenciais clientes. “Se você construir um histórico de suas compras e operações neste marketplace, e tiver uma carteira digital acoplada a esse sistema, será possível monetizar essas informações por meio de tokens”, explicou Campos Neto.

    Os tokens são representações, no mundo virtual, de qualquer tipo de ativo – de um imóvel a uma obra de arte, passando por investimentos e dados. É possível tokenizar tanto ativos reais, quanto digitais, como as criptomoedas.

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    Segundo Campos Neto, sua saída da presidência do BC, em dezembro, e a provável posse de Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária e indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sucedê-lo, não mudarão a rota da digitalização da economia, uma vez que o tema se tornou uma das prioridades de toda a estrutura da autarquia.

    Campos Neto sobre o Pix: popularização foi uma surpresa

    O pontapé inicial da digitalização foi o Pix, idealizado em 2018 e lançado para o público em novembro de 2020. Segundo Campos Neto, imaginava-se que a ferramenta de pagamentos instantâneos seria mais adotada por grandes clientes do segmento de atacado, que realizariam transações de maior valor unitário, mas o que se viu foi uma forte popularização entre clientes de varejo, gerando milhões de transações de pequeno valor.

    Ele lembrou que o Pix já conta com quase 790 milhões de chaves cadastradas, um volume muito superior aos cerca de 100 milhões de brasileiros bancarizados. Por dia, chega-se a registrar mais de 240 milhões de transferências. Ao contrário do que se pode supor, manter essa estrutura é relativamente barato: entre 40 milhões de reais e 50 milhões de reais por ano. Seu desenvolvimento custou apenas 15 milhões de reais, segundo Campos Neto.

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