Se 2017 fosse uma montanha-russa, teria duas quedas vertiginosas e um pequeno looping nas alturas. As descidas foram da inflação e da taxa básica de juros. O ano começou com o IPCA, índice oficial de inflação, em 6,29% ao ano e termina em 2,21%. A Selic, a taxa básica de juros, por sua vez, caiu por quase a metade, de 13,65% ao ano para 7%. O looping é o desemprego, que partiu de 12% atingiu 13,7% no primeiro trimestre e segundo os dados mais recentes do IBGE, de outubro, está em 12,4%.
“A deflação ocorreu porque o crescimento do país tem sido negativo nos últimos dois anos, o Banco Central está atualmente com melhor credibilidade, e o preço dos alimentos caiu. A queda da taxa de juros foi consequência”, explica João Luiz Mascolo, professor de economia do Insper.
Mas quais as perspectivas dessas três frentes para 2018? Segundo o Boletim Focus, do Banco Central, que semanalmente publica projeções sobre a economia brasileira a expectativa é de inflação e taxa de juros mais estáveis, nas casas de 4% e 7%, respectivamente.
Mas isso não significa que haverá ausência de sobressaltos. “A não aprovação das reformas, um gasto excessivo do governo, que está em situação fiscal nada confortável, e o cenário eleitoral incerto podem afetar esses números. O panorama externo também tem sua influência, o Banco Central norte-americano vai subir a taxa de juros, algo que pode até não atrapalhar, mas certamente não ajuda”, acredita Mascolo.
Ou seja, altas da taxa de juros e da inflação e desvalorização do real diante do dólar estão sujeitas a esses fatores político-econômicos e não são totalmente descartadas em 2018, em um cenário mais pessimista.
Já o desemprego costuma ser o o último índice a reagir à crise ou à retomada econômica, por isso, apesar de estar em queda no último semestre, continua em um patamar historicamente muito alto. “Com um PIB quase três vezes maior, como se espera, e a Reforma Trabalhista aprovada, o emprego deve continuar a crescer em 2018”, opina o professor.