O dólar comercial está quase um real mais caro hoje do que no início do ano. São 0,91 centavos de diferença, uma alta de quase 19% — e a maior cotação do dólar desde março de 2021, em meio a pandemia de covid-19. O cenário externo desafiador, com a proximidade das eleições americanas, se juntou ao aumento do risco fiscal brasileiro. O governo promete a divulgação de um pacote de ajuste fiscal, mas a falta de definições aumenta o pessimismo do investidor sobre o compromisso do governo com as contas públicas — e isso se reflete diretamente nas cotações do mercado.
Ontem, um dia depois de se reunir com o presidente Lula por horas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que “não tem uma data”, frustrando o mercado. “Ele (Lula) está pedindo informações e estamos fornecendo. Não tem uma data. Ele que vai definir. Estamos avançando na conversa, estamos falando com o Planejamento”, disse. Após a fala de Hadadd, o dólar, que já estava em alta, subiu ainda mais, assim como os juros futuros.
Há uma dualidade entre as falas e as ações da equipe econômica: ao mesmo tempo em que aumentaram as declarações públicas sobre a importância de atacar os gastos, há uma demora em apresentar o que será feito para esse corte de despesas. Ruídos em torno do tamanho do corte também aumentam a incerteza.
Eleições americanas
Além do fiscal brasileiro, um cenário externo complexo também afeta o câmbio. O crescimento de Donald Trump nas pesquisas eleitorais americanas fortalecem o dólar em relação a moedas emergentes. Isso porque Trump tem uma agenda econômica que indica maior gasto e mais inflação dos EUA.