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Como o Ibovespa conseguiu crescer mais que as bolsas globais em 2022

Em dólar, bolsa brasileira cresceu 13,77%, enquanto bolsas americanas caíram até 33% e chinesa retraiu 19,7%; desaceleração global favoreceu o país

Por Luisa Purchio 30 dez 2022, 16h21

O Ibovespa fechou 2022 em alta de 4,68% em real, mas em dólar a bolsa brasileira cresceu 13,77%, um desempenho muito melhor que as principais bolsas de valores mundiais. Os índices americanos S&P 500, Dow Jones e Nasdaq caíram, respectivamente, 19,72%, 9,05% e 33,65%, enquanto o europeu Euro Stoxx 50 retraiu 17,32% e o chinês Nikkei 225 teve queda de 19,7%.

Um dos principais fatores dessa distância entre o mercado brasileiro e o restante do mundo em 2022 foi o câmbio favorável ao Brasil, uma vez que em 2022 o dólar encerrou em queda de 5,30%, tendo terminado o ano de 2021 a 5,576 reais e 2022 a 5,280 reais. O chamado efeito “TINA”, sigla em inglês da expressão “There Is No Alternative” (não há alternativa, em tradução livre), resume bem o que aconteceu por aqui, uma vez que os mercados emergentes e até os países desenvolvidos enfrentaram crises difíceis, o que tornou o Brasil atrativo para o investidor internacional. Dessa maneira, o real se valorizou em relação ao dólar, enquanto o mesmo não ocorreu com outras moedas de países desenvolvidos, como o euro.

“O Brasil foi, entre os emergentes, o destino dos investidores estrangeiros. Algumas coisas atraíram o capital estrangeiro, como ativos da bolsa baratos e uma renda fixa com valor atrativo por conta da Selic a 13,75%”, diz Simone Pasianotto, economista-chefe Reag Investimentos. “Além disso, estamos com uma inflação menor que da Europa e dos Estados Unidos por termos sido uma das primeiras economias a aumentar o juros, e setores de grande peso no Ibovespa, como financeiro, commodities, elétrico e saneamento, que juntos pesam 70% na bolsa, estiveram aquecidos”, diz ela. Dessa maneira, a entrada de dólares no país favoreceu o câmbio.

Volatilidade

Apesar do resultado positivo, o ano foi de muita volatilidade para o Ibovespa e para o dólar, principalmente devido ao risco fiscal do país e medidas tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) às vésperas das eleições que impactaram nas contas públicas. Além disso, a guerra da Rússia contra a Ucrânia foi um fator determinante para abalar as moedas em todo o mundo, assim como a alta de juros pelos mais relevantes bancos mundiais, sendo o principal deles o Federal Reserve Bank.

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Vale lembrar que, no início do ano, a expectativa era que o Ibovespa alcançaria entre 125 mil e 130 mil pontos, expectativa bastante distante do cenário que se concretizou, com a bolsa encerrando a uma máxima de 119,9 mil pontos e terminando o ano em 110 mil pontos. Outro fator determinante para os ativos foram as eleições brasileiras, cuja distância tão próxima entre os candidatos opositores, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), levou a uma maior volatilidade entre o primeiro e o segundo turno de uma eleição presidencial.

Ainda assim, a lua de mel com o presidente eleito Lula durou pouco e as incertezas continuaram com a PEC da Transição e dúvidas se o seu governo será mais parecido com suas primeiras gestões ou com o governo de Dilma Rousseff. “Tivemos um processo eleitoral bem tumultuado, o que fez com que a bolsa não subisse como deveria. E o mercado sai da eleição lambendo as feridas, ou seja, naturalmente a Faria Lima é mais próxima à ideia do Paulo Guedes e do Jair Bolsonaro, muitos apostaram em sua vitória. Parte do mal estar agora tem a ver com essas posições que estão tendo de ser desmontadas”, diz o economista André Perfeito.

O retorno do Partido dos Trabalhadores no poder também levou a uma revisão da expectativa da política de juros do país. “O Banco Central, sendo independente, já tinha sinalizado que iniciaria um ciclo de queda de juros, mas com o Lula assumindo muda muito o caminho que vinha sendo percorrido”, diz Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos. “Havia uma precificação de queda de juros no final de 2022 e início de 2023 e agora não se precifica mais essa queda no curto prazo, o que leva a uma desvalorização no preço dos ativos. Mas o desempenho global da bolsa brasileira foi satisfatório”, diz ele.

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