Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Como o socorro de R$ 7,8 trilhões da Europa pode beneficiar o Brasil

Apesar de na mínima histórica, as taxas de juros positivas e o ambiente fiscal a longo prazo fazem investidores europeus voltarem os olhos para o país

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h23 - Publicado em 4 jun 2020, 13h55

Máscaras, restaurantes em ambientes abertos e distanciamento social. A Europa, aos poucos, começa a voltar à normalidade adaptada, um cotidiano importado pelo novo coronavírus passada a drasticidade do pior momento da pandemia. Mesmo com as economias voltando a engrenar, o Banco Central Europeu (BCE) injetou 1,35 trilhão de euros, ou extraordinários 7,8 trilhões de reais, medida mais agressiva do que o esperado, para estimular a atividade. Para se ter noção, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, em 2019, somou 7,3 trilhões de reais.

“Não somos ricos pelo que temos, e sim pelo que não precisamos ter”, escreveu certa vez o filósofo prussiano Immanuel Kant (1724-1804). Não dá para o brasileiro não ter o mínimo de inveja da atuação do BCE —  pelo o que precisávamos, e muito, ter. Inicialmente orçado na bagatela de 750 bilhões de euros, o pacote de estímulo foi impulsionado em 600 bilhões de euros. A instituição apontou que os aportes devem se estender por pelo menos um ano.

Na incapacidade de brincar no mesmo patamar, o Brasil sai fortalecido por esta dinheirama. Apesar da injeção trilionária, o Banco Central Europeu manteve inalteradas suas taxas de juros, entre 0% e -0,5%. Afogar o mercado de dinheiro, assim como feito no Brasil e nos Estados Unidos, foi um movimento necessário para manter a liquidez, ou dinheiro rolando, enquanto as economias estavam fechadas. Passado o pior momento e a fuga de capital estrangeiro do Brasil, os olhos voltam-se de novo para o país. Apesar da crise política que assola o país e a postura errática de Jair Bolsonaro no combate à pandemia, as taxas de juros baixas, porém positivas, tornam o país atrativo para o mercado e trazem investidores para o país. “O mundo se volta ao Brasil por causa das taxas de juros positivas, o investidor não tem muito o que fazer com rentabilidade negativa”, explica Maurício Godoi, professor de economia da Saint Paul.

Quando a pandemia assolava a Europa de forma mais latente, o medo tomou conta dos investidores. O movimento natural foi arrancar o dinheiro de países como o Brasil e investir em moeda americana, tida como um dos aportes mais seguros. Com a reabertura gradual e retomada da atividade ao redor do mundo, os olhos voltam-se para mercados emergentes que, nos últimos anos, fizeram o dever de casa. O Brasil, em alguma medida, estava trabalhando para se recuperar a grave crise fiscal de 2016 com mudanças estruturais, como a implementação do Teto de Gastos e a Reforma da Previdência. Apesar do aumento robusto da dívida bruta, que deve passar de 90% do PIB, os investidores ainda não conseguiram mapear qual será ambiente fiscal a longo prazo. Isso cria uma janela de oportunidade, uma vez que parte dos investidores ainda ignoram o ambiente político turbulento do país.

Continua após a publicidade

ASSINE VEJA

As consequências da imagem manchada do Brasil no exterior
As consequências da imagem manchada do Brasil no exterior O isolamento do país aos olhos do mundo, o chefe do serviço paralelo de informação de Bolsonaro e mais. Leia nesta edição ()
Clique e Assine

O segredo, adotado por governos ao redor do mundo independentemente de vertentes econômicas, foi apenas um: inflar o mercado de dinheiro para garantir a manutenção dos sinais vitais das economias, a subsistência dos mais fracos e salvar o máximo de empregos possível por meio de empréstimos e a concessão de crédito. Uns podem mais que os outros, é verdade. Mas o cenário externo pode ser bom para o Brasil voltar a crescer. O principal entrave para que o país continue atrativo para as economias globais é, como sempre, o cenário político de um país inflamado, o que pode fazer o bom ânimo dos mercados arrefecer. É preciso inteligência e sobriedade.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 9,98 por revista)

a partir de 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.