Como reduzir a emissão de metano, o maior vilão do aquecimento
O gás superpoluente, principal responsável pela elevação da temperatura da atmosfera, ganhou os holofotes da Climate Week NYC

Na edição de 2025 da Climate Week NYC, um grande vilão das mudanças climáticas ganhou os holofotes: o gás metano. Segundo o fundador e CEO da climate tech Carrot, Ian McKee, que frequenta o evento há anos, em 2024 havia apenas um evento grande focado no assunto. Neste ano, as agendas incluíam três ou quatro por dia. “Atacar o metano hoje representa o melhor custo-benefício no combate às mudanças climáticas”, diz McKee.
A Carrot, cuja equipe é baseada em São Paulo, busca atacar superpoluentes por meio de soluções na economia circular e McKee ressalta em todas as conversas que, de acordo com a Climate Policy Initiative, apenas 2% do capital mundial é destinado ao metano, sendo que o gás é responsável por 50% do aquecimento global.
“Trata-se de um superpoluente porque ele fica pouco tempo na atmosfera, mas tem um poder de aquecer o planeta 81 vezes maior que o do dióxido de carbono num prazo de 20 anos. No entanto, só temos de 5 a 11 anos para manter o aquecimento abaixo de 2 graus centígrados. Agora é a hora de agir”, afirma o presidente da Carrot. “Atacando o metano, até 2050 podemos reduzir o aquecimento global em até 0,5 grau centígrado, ganhando tempo. Em comparação, a transição energética chega apenas a 0,1 grau centígrado [de diferença] no mesmo período.” Hoje, o resíduo orgânico responde por 25% desse gás. Ele é gerado em aterros sanitários (além de sistemas de tratamento de esgotos), onde o material se decompõe de uma forma anaeróbica, ou seja, sem oxigênio: esse é o processo que gera o metano.
Por isso, McKee pondera que é preciso focar em desenvolver sistemas de tratamento biológico alternativos, em vez do aterro, como a biodigestão anaeróbica e a compostagem industrial. A biomassa tratada também se transforma em fertilizante orgânico, que regenera o solo.
“O mundo precisa investir 1,3 trilhão de dólares por ano para combater as mudanças climáticas, mas faltam canais para direcionar esse investimento. Os maiores veículos são os green bonds e sustainability bonds. No entanto, eles se destinam apenas a megaempresas que buscam financiamento para fazer uma pequena transição para energia renovável. Isso é bom para essas empresas, normalmente multinacionais com bilhões de dólares de receita. Mas como ficam as pequenas e médias empresas?”, questiona McKee.
Para ele, o financiamento climático será mais eficiente quando for usado para desenvolver projetos de forma global e descentralizada. “O mercado de carbono, que foi desenhado justamente para esse fim, tem avançado como voo de galinha: salta e cai. No entanto, está se estruturando com muitas inovações vindas do mercado voluntário. Há empresas apostando em tecnologias, em soluções, em projetos, em metodologias novas, as quais precisamos mensurar, desenvolver e financiar.”