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Como Rogério Marinho foi alçado ao cargo de Articulador-Geral da República

Recomendado por Guedes, o artífice da aprovação da reforma da Previdência agora terá o poder da caneta na mão para negociar com deputados e senadores

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h56 - Publicado em 6 fev 2020, 18h55
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  • O trabalho de Rogério Marinho, secretário de Previdência do Ministério da Economia, já era muito prestigiado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. A atuação do então mentor intelectual da Reforma da Previdência e principal articulador político do governo já era cantado pelo ministro aos ouvidos de Jair Bolsonaro desde a aprovação da mais robusta alteração no regime de aposentadorias. Agora, ganhou a almejada promoção. Nesta quinta-feira, 6, Marinho foi elevado a ministro do Desenvolvimento Regional e ocupará o cargo deixado por Gustavo Canuto. À frente do Ministério do Desenvolvimento Regional, ele terá à disposição um orçamento de 17 bilhões de reais para aplicar em projetos que vão de saneamento básico a transporte de passageiros, além do controle sobre fundos regionais que são a menina dos olhos de muitos políticos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

    Bolsonaro telefonou para Marinho quando o então secretário decolava do Aeroporto de Salvador, capital da Bahia, com destino a Foz do Iguaçu, no Paraná, na tarde desta quinta. Marinho, então, desligou o telefone — e, por isso, não atendeu à enxurrada de ligações que recebeu durante o trajeto. Ele acreditava que a nomeação seria formalizada apenas na manhã desta sexta-feira, 6 — e foi pego de surpresa ao descer do avião numa escala em São Paulo e ser informado da formalização do convite. O secretário desmarcou seus compromissos no Paraná para voltar imediatamente a Brasília.

    De acordo com edição extra do Diário Oficial da União publicada na tarde desta quinta-feira, Canuto pediu demissão a Bolsonaro. A demissão ocorre no momento em que a região metropolitana de Minas Gerais sofre a ressaca de tempestades e enchentes que culminaram na morte de pelo menos 55 pessoas. Com trânsito no Congresso, Marinho será responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas voltadas a estados e municípios na área de saneamento básico — e, claro, ouvir e administrar as demandas vindas das bancadas estaduais na Câmara e no Senado. Com o poder da caneta na mão, Marinho agora terá maior poder de barganha para negociar liberação de emendas — mesmo que sejam impositivas — e projetos de cunho social nos currais eleitorais dos parlamentares. Se ele já era considerado o melhor articulador da Esplanada dos Ministérios, agora terá reais condições e cargo à altura da missão.

    Ascensão

    Desde a tramitação da reforma da Previdência, Guedes via com bons olhos a promoção de Marinho a um cargo de chefia ministerial. Era uma forma de reconhecer os bons trabalhos do seu então secretário. A ideia é de que Marinho atue como ponte entre o Executivo e o Legislativo — e, com perfil técnico, articule junto a Bolsonaro por demandas viáveis vindas do Congresso. A avaliação de membros de alto escalão dentro do Ministério da Economia é de que o presidente é muito suscetível a pressões de ministros com interesses próprios e a articulação de Marinho no Ministério será mais uma frente de convencimento às pautas de interesse popular — às quais Bolsonaro é muito afeito.

    Como VEJA revelou na semana passada, Marinho era a opção de Guedes para substituir o cambaleante chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Após sucessivas reuniões com Bolsonaro, o clima belicoso arrefeceu e, por ora, Onyx foi mantido no cargo. Para o lugar de Marinho, o secretário adjunto, Bruno Bianco, foi promovido ao cargo de chefe da Previdência. Ele ficou conhecido por destrinchar para a classe política os inúmeros detalhes da reforma da Previdência.

    Deputado federal entre 2007 e o fim da legislatura passada, Marinho foi responsável pela relatoria da reforma trabalhista, aprovada em 2017 ainda no governo de Michel Temer. Ele não conseguiu se reeleger, mas seu nome e trabalho como fiador da proposta fez crescerem os olhos de Guedes, colocando o potiguar como secretário da pasta responsável por sua principal missão: o desenvolvimento e a aprovação de uma reforma previdenciária robusta. De fato, a perda de Marinho dos quadros do Ministério da Economia será sentida, principalmente por Guedes e sua trupe, que precisam encampar projetos aos quais a classe política torce o nariz. Mas o governo pode ganhar muito com a atuação e peso do novo ministro na articulação política e elucubração de pautas de cunho social — sem perder a responsabilidade técnica.

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