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Concorrência voraz da China estremeceu a economia mundial em 2024

Em meio a uma série de polêmicas, nenhuma gerou reações tão acaloradas no ano quanto o avanço dos carros elétricos do país

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 dez 2024, 08h00

Das montadoras ao varejo, é difícil encontrar um setor de atividade econômica que não se incomodou com a voraz concorrência da China em 2024. A queixa generalizada de que Pequim pratica dumping (a manutenção artificial de preços baixos para ganhar mercado) levou diversos países a impor sanções pesadas a seus produtos. Alguns fronts dessa guerra comercial são bem conhecidos. Um exemplo é o aço chinês, vendido no mercado internacional a preços 10% menores que a média. Em maio, o Brasil elevou a alíquota de importação de onze produtos siderúrgicos de 12% para 25%, a mesma taxação adotada pelos Estados Unidos e pelo Canadá neste ano. Para frear a invasão de roupas e acessórios, o governo brasileiro criou em julho a chamada “taxa das blusinhas”, com alíquota de 20% sobre compras internacionais de até 50 dólares feitas em popularíssimos sites de comércio eletrônico — até então, elas estavam isentas de imposto, para alegria dos consumidores.

Nada, porém, gerou reações tão acaloradas em 2024 quanto o avanço dos carros elétricos chineses, liderado por montadoras como a BYD e a GWM. Não por acaso, a exportação total de veículos da China cresceu 25% em volume até outubro, para 5,3 milhões de unidades, e 19% em valor, somando 98 bilhões de dólares. A resposta foi imediata. O Brasil decidiu elevar gradualmente o imposto de importação sobre esses veículos de 18% para 35% até julho de 2026. Na União Europeia, a sobretaxa subiu para 38%. Em agosto, o Canadá adotou uma tarifa de 100%. Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden elevou de 25% para 100% a cobrança sobre os carros elétricos chineses. Donald Trump, que o sucederá na Casa Branca em janeiro, promete ainda mais pressão — e não apenas no setor automotivo. O republicano pretende criar uma alíquota mínima de 60% para qualquer produto oriundo da China, a fim de conter o crescente déficit comercial com Pequim, que já beira 300 bilhões de dólares. Até agora, contudo, o contra-ataque global não conteve os chineses, cujo total exportado somava 2,9 trilhões de dólares até outubro, com alta de 5%. Seu superávit comercial subiu ainda mais: 15%, para 785 bilhões. A construção da grande muralha comercial contra a China apenas começou.

Publicado em VEJA de 20 de dezembro de 2024, edição nº 2924

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