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Consumidora encontra tomate por R$ 10 o quilo e se revolta: ‘Absurdo’

Com a greve dos caminhoneiros, a entrega de produtos está suspensa ou com dificuldade de chegar até os locais de venda

Por Thaís Augusto Atualizado em 29 Maio 2018, 19h34 - Publicado em 29 Maio 2018, 18h57

A greve dos caminhoneiros está provocando o desabastecimento de supemercados, feiras e sacolões. Itens perecíveis são os mais difíceis de encontrar. Quando localizados, o consumidor toma um susto com os preços.

A aposentada Ivanura da Silva, 75, não conseguiu encontrar frango resfriado no Pão de Açúcar da rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, nesta terça-feira. “É a primeira vez que estou saindo desde que começou a greve. Queria frango, mas só encontro congelado”, disse.

Ela também visitou uma feira, mas assustou-se com os preços. “É um absurdo. O quilo do tomate estava a 10 reais, cada limão estava a quase um real. O ovo também estava mais caro. Subiu tudo”.

A aposentada gastou 70 reais na feira. “Lá estava vazio, nem todas as barracas foram”, contou. “Sou a favor da greve para melhorar a vida dos caminhoneiros, mas já virou bagunça, está prejudicando todo mundo”, disse Ivanura.

No supermercado Nagumo, na zona leste, o pé de alface estava sendo vendido a 4,29 reais. O quilo da cebola estava por 6 reais.

A cuidadora Ana Lunardi, 49, esteve no Pão de Açúcar na manhã desta terça-feira. “Estou vendo as prateleiras vazias, muitos produtos estão faltando”, disse.

Ela contou que visitou o Instituto Chão, que comercializa produtos de pequenos agricultores, e encontrou tudo que precisava. “Mas aqui está terrível, sei que outros grandes mercados também estão sofrendo”.

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Ana Cristina Lunardi, consumidora do Pão de Açúcar, localizado na Rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo (SP) - 29/05/2018
Ana Cristina Lunardi, consumidora do Pão de Açúcar, localizado na Rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo (SP) – 29/05/2018 (Thais Augusto/VEJA.com)

A administradora Luciana Zaneti, 38, sentiu falta de alguns produtos ao visitar o Sacolão São Jorge, na Vila Madalena. “É a primeira vez que estou fazendo compras desde o início da greve. Estou meio espantada”, contou.

“Hoje, vim pegar umas coisinhas. Das frutas que consumo, não encontrei abacate. Peguei uma das últimas caixas de ovo, não vi muita variedade de banana, só nanica. Estou pegando o que tem”.

Luciana Zaneti, consumidora do Sacolão São Jorge - 29/05/2018
Luciana Zaneti, consumidora do Sacolão São Jorge – 29/05/2018 (Thais Augusto/VEJA.com)

A terapeuta Maria Lucia, 49, estava com uma lista de compras, mas não encontrou feijão no sacolão. “Vou ter que passar em outro supermercado para comprar”, disse.

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Em Brasilândia, bairro onde mora a cuidadora de idosos Jenifer de Andrade, 22, alguns produtos estão em falta. “O leite e iogurte, por exemplo, não fazem tanta diferença porque você acaba trocando de marca. Mas estou sentindo falta da carne”, afirmou.

Ao visitar o Sacolão São Jorge nesta terça-feira, Jhenifer não conseguiu encontrar bananas, maçã, ovos e produtos orgânicos. Segundo ela, muitos produtos também estão faltando no mercado Sonda da região.

Jhenifer Reis de Andrade, consumidora do Sacolão São Jorge - 29/05/2018
Jhenifer Reis de Andrade foi ao Sacolão São Jorge nesta terça-feira e sentiu falta de alguns produtos – 29/05/2018 (Thais Augusto/VEJA.com)

 

 

Há oito dias, o Sacolão São Jorge não recebe produtos novos. Segundo o gerente da unidade, o estoque está sendo normalizado aos poucos. O setor mais prejudicado foi o de hortifrúti – carnes também estão em falta.Lá, o movimento de clientes aumentou nos últimos dias – os consumidores estão com receio de não conseguirem comprar depois, de acordo com o gerente.

Na padaria A Pioneira, localizada na rua dos Macunis, Vila Madalena, em São Paulo, o fluxo de clientes está menor, segundo funcionários. O palpite é de que a falta de combustível esteja dificultando o deslocamento dos consumidores.

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De acordo com a gerente da unidade, o reabastecimento de produtos está normalizado. Entretanto, se um novo estoque não chegar a partir de segunda-feira, produtos como frutas e legumes vão começar a faltar no local.

Nesta terça-feira, o posto de gasolina Alto de Ipiranga, vizinha da padaria, recebeu combustível – com isso, um esquema foi montado para evitar que os carros ficassem em frente ao estacionamento da padaria.

Ceagesp

Os efeitos do desabastecimento também foram sentidos na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Lá, comerciantes reclamavam da falta de mercadoria e da necessidade em repassar a alta de preço aos consumidores.

Sem mercadoria, comerciantes de ovos fecharam as portas na manhã desta terça-feira. Batata, cebola e alho são outros produtos em falta.

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“Pedimos nossos ovos no domingo e ainda não chegou”, contou funcionário do box Catarinense Atacadista. “Meu produto mais caro é a batata panda, que serve para fritura. Hoje ela está a 160 reais [o saco], antes eu vendia por 80 reais”.

A situação repete-se em outros boxes. Alguns comerciantes relatam estar há oito dias sem receber seus produtos.

O motorista da JW Agro Comercial, Marcos Prado, 58, disse que deixou de receber cerca de 99% dos produtos devido à paralisação. “A clientela sumiu, eles não têm combustível para buscar o produto. E se pegarmos o produto muito caro, não conseguimos repassar”.

Segundo ele, após a greve dos caminhoneiros, a normalização do serviço deve demorar em torno de 10 dias.

De acordo com o empresário Marco Tavares, do DP Empório, houve uma queda de 75% no fluxo de clientes desde o início da greve. “Em uma semana, perdemos 250.000 reais”, contou.

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No Restaurante Boa Mesa, na rua Mergenthaler, Vila Leopoldina, em São Paulo, alguns produtos estão em falta. Tomate, cebola, batata, limão e cenoura são os itens que acabaram. Segundo o gerente da unidade, ainda não há reflexos para o consumidor – o restaurante está substituindo os ingredientes dos pratos.

O último abastecimento do restaurante foi na semana passada – há receio com a possibilidade da falta de entrega nas próximas semanas. Lá, o fluxo de consumidores diminuiu desde o início da greve, de acordo com o gerente.

 

 

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