Com o crescimento de 0,8% do PIB observado no terceiro trimestre deste ano, o nível de atividade do país alcançou o patamar do segundo trimestre de 2012, conforme mostram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fruto da grave crise econômica e política, o país sofreu oito trimestres de recessão nos anos de 2015 e 2016. Isso fez com que o valor de tudo que é produzido e consumido no Brasil retrocedesse seis anos, ao final de 2016. Agora, após sete trimestres de recuperação, as contas nacionais voltam a se aproximar de seu patamar máximo, no terceiro trimestre de 2013.
O presidente da Associação Brasileira de Indústria Têxtil de Confecção (ABIT), Fernando Pimentel, reclama da lentidão da retomada econômica. Segundo ele, o crescimento do PIB está baixo e frustrou quem esperava alta de 2,5% a 3% este ano. “O resultado é positivo porque veio no terreno do azul, não no do vermelho, mas continua muito aquém das necessidades do país”.
Pimentel afirma que os dados divulgados pelo IBGE mostram uma necessidade de reformas fundamentais no Brasil. “Precisamos avançar com as reformas, previdenciária, tributária, para começarmos a recuperar a confiança do investidor e do consumidor, para que o país possa retomar o seu crescimento em ritmo da faixa de 4%. É o mínimo que temos que almejar”, complementou.
A opinião do presidente da Associação Brasileira de Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Carlos Marchesan, é próxima a de Pimentel. Historicamente, a Abimaq é uma contumaz crítica às políticas econômicas do governo federal. Para o executivo, apesar da retomada econômica lenta, o mais importante é o ânimo.
“O clima que está reinando no país com a saída de um ciclo de governo social-democratas e entrando em um ciclo de governo liberal é que a gente espera que aquilo que não foi feito.” Ele cita as reformas da previdência e tributária como fatores para eliminar os custos excessivos dos encargos do país. “Feito isso, e tomada as medidas de fazer o equilíbrio fiscal, a desestatização, e fomentando investimento e infraestrutura, ai nós devemos ter crescimento”, conclui Marchesan.
Devagar e sempre
Atualmente, o PIB ainda está 4,8% abaixo do nível mais alto de atividade econômica. No terceiro trimestre deste ano, o crescimento foi de 0,8% em relação ao período anterior. Se o desempenho da economia continuar no mesmo ritmo, serão precisos mais seis trimestres para alcançar aquele patamar.
Segundo Alexandre Chaia, professor de economia do Insper, é possível que isso aconteça antes. “Economia cresce pouco, mas cresce estável”, afirma. Desde o final do ano passado, o que está mantendo a economia aquecida é o consumo das famílias. E está acelerando. O final deste ano será muito melhor que o do ano passado”, afirma o economista.
De acordo com o IBGE, o consumo das famílias foi o segundo item que puxou o PIB pelo lado da demanda neste terceiro trimestre – alta de 0,6% em relação ao trimestre anterior. O primeiro foram os investimentos, mas este indicador sofreu um efeito estatístico de distorceu o crescimento real. O IBGE não contabilizava as importações de plataformas de petróleo, e agora passou a contabilizar.
“Tanto serviços, indústria e agronegócio são puxados pelas famílias”, diz Chaia. “Se mantiver o bom humor das famílias, com consumo em alta, isso levará a mais investimentos, o que alavanca emprego, o que gera arrecadação. É um ciclo virtuoso”, conclui.
Luiz Cornacchioni, diretor executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), também está otimista com os novos números do terceiro trimestre de 2018, dadas as circunstâncias do cenário político do ano. “É uma surpresa boa, 0,8% no trimestre não é sonho de ninguém, mas para o ano que a gente teve é uma notícia muito boa frente a tudo o que nós passamos. Ao menos anima um pouco para começar 2019 com o PIB mais consistente”. Ele considera que a tendência, para os próximos anos, é de crescimento, tanto no agronegócio quanto no país.