Crise gerou maior perda de PIB per capita em 120 anos, diz Pessôa
Para o professor de economia, o país também investe mal em educação, único meio de redução da desigualdade social
A crise econômica e política custou ao Brasil a maior perda de PIB per capita dos últimos 120 anos. A avaliação é do economista Samuel Pessôa. Segundo ele, só não dá para falar que a perda de PIB per capita é ainda maior por falta de dados.
“Tudo indica que, se tivéssemos dados, poderíamos retroagir ao período da Regência, que foi extremamente difícil. Ao fim de 2017, o PIB per capita vai ser 10% menor do que em 2013. É o número de um país que passou por uma guerra”, afirmou Pessôa durante o fórum “A Revolução do Novo – A Transformação do Mundo”, promovido por VEJA e EXAME, em parceria com a Coca-Cola, nesta segunda-feira.
Segundo ele, essa redução do poder de compra não é “fruto de um errinho na política”. “Não dá para achar que foi um ajustamento político promovido pelo Joaquim Levy que causou isso. Tem que haver uma dinâmica maior que justifique isso.”
Entre as dinâmicas que levaram a essa situação, de acordo com Pessôa, está a construção atabalhoada de um estado de bem- estar social combinada com uma política econômica intervencionista.
“O governo do PT, a partir da saída do [Antonio] Palocci e da entrada do [Guido] Mantega [no Ministério da Fazenda], trouxe essa política intervencionista, que gerou atraso para o país. A questão não é só de corrupção, mas também de diagnóstico, de ideologia”, afirmou Pessôa.
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Educação
Questionado se há espaço para otimismo, Pessôa afirmou que há áreas com mais avanços, como a agenda de reformas – previdenciária, trabalhista e do teto de gastos públicos.
Mas há outras frentes em que o país vai mal e não dá sinais de melhora, em particular a educação. “Educação é o único mecanismo sólido de equidade social. A gente conseguiu colocar todas as crianças na escola, mas não que elas tivessem um aprendizado de qualidade.”
Para piorar, segundo ele, o Brasil gasta mal em educação. Enquanto a Coreia do Sul investe 3% do PIB nessa área, o país já gasta mais de 6%.
A presidente da ONG Comunitas, Regina Siqueira, disse que é preciso fortalecer a discussão sobre equilíbrio fiscal no âmbito dos municípios. “É nas cidades que os cidadãos convivem com o governo e é lá que as empresas têm seus negócios.”