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Cruzeiros voltam ao Brasil: com shows, mas sem protocolo definido

Operadoras estão otimistas com o retorno das atividades nesta temporada e planejam muitas atrações. A questão é definir regras sanitárias claras

Por Sabrina Brito Atualizado em 4 jun 2024, 13h15 - Publicado em 6 ago 2021, 06h00

A imagem do Diamond Princess, navio de cruzeiro atracado e colocado em quarentena no Japão, ainda provoca calafrios. Retornando de uma viagem pelos mares da Ásia, ele foi proibido de desembarcar seus passageiros e tripulantes no Porto de Yokohama, de onde havia partido quinze dias antes. O motivo: a confirmação de que um octogenário, que tinha deixado a embarcação em Hong Kong, testara positivo para o novo coronavírus. Assim, de 4 a 19 de fevereiro de 2020, 2 666 passageiros ficaram trancados em suas cabines, supervisionados por 1 045 tripulantes atônitos. O saldo do lockdown foi de pelo menos 700 contágios e, infelizmente, catorze mortes. Um ano e meio depois, no entanto, os dias de terror a bordo do Diamond Princess ficaram para trás. Nos Estados Unidos e na Europa, os barcos voltaram a zarpar e, para o Brasil, cuja alta temporada ainda está para começar, as perspectivas são excelentes. Se o ritmo de vacinação não arrefecer, os cruzeiros receberão em breve milhares de turistas.

NAVEGAR É PRECISO - Cruzeiro no verão mexicano: agora é a vez do Brasil -
NAVEGAR É PRECISO - Cruzeiro no verão mexicano: agora é a vez do Brasil – (Heyder Castillo/EFE)

Na temporada 2021/2022, que começa em novembro e deve se estender até abril, seis navios, todos da MSC e da Costa Cruzeiros — empresas familiarizadas com o perfil do turista local —, percorrerão a costa brasileira com uma oferta de leitos cerca de 7% superior à da temporada 2019/2020, de acordo com a Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Brasil). Além das atrações de praxe, as operadoras oferecerão doses adicionais de entretenimento, com apresentação de artistas nacionais. O MSC Preziosa, por exemplo, promoverá shows de Zezé Di Camargo & Luciano, Jota Quest e Luan Santana, enquanto a Costa embarcará Gusttavo Lima para entreter os viajantes. Outros nomes devem ser anunciados, uma vez que a meta é bater o recorde de shows na retomada.

Apesar do otimismo, pairam no ar indefinições que podem desacelerar a volta se não forem logo resolvidas — o protocolo de embarque é o primeiro item da lista. Nos Estados Unidos e na Europa, as operadoras receberam instruções conflitantes quanto à obrigatoriedade do atestado de vacina, exigência que, em muitos casos, foi derrubada por dispositivos constitucionais. A MSC e a Costa Cruzeiros não demonstram interesse em fazer da vacinação requisito obrigatório. A primeira, porém, já declarou que pretende realizar testes nos passageiros antes do embarque, além de investir na higienização reforçada. Outro quesito que precisa ser definido pelas autoridades brasileiras são as circunstâncias em que o uso de máscara será mandatório.

arte Cruzeiros

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No caso de cruzeiros internacionais, em que o embarque se dá em portos fora do Brasil — como em Miami, por exemplo —, o cenário é mais nebuloso. “Para que ocorra a retomada dos cruzeiros internacionais para brasileiros, ainda dependemos da abertura de fronteiras de outros países”, explica Estela Farina, porta-voz da Norwegian Cruise Line. Mesmo assim, Farina ressalta que é crescente o número de brasileiros fazendo reservas para 2022. Nos Estados Unidos, as autoridades sanitárias recomendam que os navios zarpem com pelo menos 95% dos viajantes e 98% da tripulação plenamente imunizados. Grandes empresas do setor que operam na costa americana são favoráveis ao passaporte da vacina, mas o que elas têm exigido na prática são testes de Covid-19, além do uso de máscara em áreas compartilhadas.

Sejam quais forem os protocolos definidos por aqui, a Clia Brasil mantém suas altas expectativas para a temporada. Segundo Marco Ferraz, presidente da associação, os cruzeiros têm público fiel e alto índice de aprovação: “Nove em cada dez pessoas que fazem cruzeiro afirmam querer repetir a experiência, e elas não veem a hora de voltar a viajar”. De fato, se a temporada de verão estivesse começando agora, é provável que as operadoras não conseguissem embarcar os ansiosos turistas. O Brasil tem a vantagem competitiva de mais quatro meses antes da alta temporada. É o momento, portanto, de manter o ritmo acelerado de vacinação para garantir férias tranquilas a todos, tanto em terra quanto em alto-mar.

Publicado em VEJA de 11 de agosto de 2021, edição nº 2750

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