No mercado de renda variável, o valor da ação de uma empresa vendida hoje depende principalmente da expectativa sobre seu crescimento no futuro. Não à toa, as empresas de commodities brasileiras dispararam na bolsa de valores neste final de ano. Desde o início de dezembro, o preço das ações da Companhia Siderúrgica Nacional e da Vale cresceram mais de 25%.
Se o ano de 2020 foi promissor para as produtoras de commodities, o de 2021 promete ser ainda mais. Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Exportações (AEB) mostrou que, no ano que vem, as exportações de soja, petróleo e minério de ferro corresponderão a 40,5% das exportações brasileiras pela primeira vez na história. “A demanda da China está muito forte e os preços estão subindo muito. Enquanto isso, os manufaturados caem”, diz José Augusto de Castro, presidente da AEB.
As projeções são surpreendentes. Em 2021, o preço do minério de ferro subirá 42%, para um preço médio de 105 dólares por tonelada. Apesar da queda na produção industrial gerada pela pandemia, a China, principal parceiro comercial do país, se recuperou rapidamente e está comprando a commodities em grande quantidade tanto para fabricar produtos quanto para estocar.
Já o preço da soja em grão crescerá 25%, para 430 dólares. O ano de 2020 foi extremamente promissor para o agronegócio brasileiro com o aumento da demanda da China. Para se ter ideia, toda a safra que será colhida no ano que vem e 20% da safra de 2022 já foi vendida. O preço do petróleo, por sua vez, está projetado para subir 12%, para 310 dólares. A celulose crescerá 20%, para 450 dólares por tonelada.
Nesse contexto, 2021 será, assim como foi 2020, o ano das commodities. Se, por um lado, a indústria manufatureira lamenta a falta de avanço nas reformas administrativas e tributárias que beneficiariam o setor, pelo menos a turma da indústria extrativa tem muito a comemorar.