Democracia e contas públicas são temas de debate no Brazil Economic Forum
Evento promovido pela Editora Abril e pelo Lide contou com alguns dos principais formadores de opinião do país

A manutenção da democracia e o rumo das contas públicas foram alguns dos temas discutidos por autoridades durante a tarde desta quinta-feira, 23, no Brazil Economic Forum, com um panorama dos principais desafios do governo federal. Nomes como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, estiveram entre os participantes da conferência, ocorrida em Davos, na Suíça. O evento é promovido pela Editora Abril, por meio de VEJA, e pelo Lide – Grupo de Líderes Empresariais, com transmissão online pelo Youtube e Canal Veja+.
A regulamentação das redes sociais no Brasil é um dos pontos a serem abordados pelo Estado a fim de preservar o ambiente democrático, como externado pelo ministro Barroso. Por mais que não seja fácil estabelecer um limite para a atuação dessas plataformas e, ao mesmo tempo, preservar a liberdade de expressão, trata-se de uma tarefa urgente e que não pode ser ignorada. “Tudo na vida precisa de limite, a civilização é a ideia de imposição de limites, então a resposta é sim, precisa de regulação”, disse o ministro. A desinformação em massa possibilitada pelas redes sociais é uma ameaça ao coletivo, de modo que a liberdade irrestrita na internet não cabe mais nos moldes atuais. Em alusão aos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, Barroso ilustrou seu argumento ao dizer que as redes “não podem servir para convocar a população a invadir prédios públicos”.
Ao mesmo tempo em que o avanço tecnológico e as redes sociais apresentam problemas contemporâneos, vícios antigos ainda atrapalham a agenda de desenvolvimento brasileira. É o caso do desequilíbrio fiscal perpetrado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma das principais figuras dos primeiros mandatos do petista à frente do Palácio do Planalto, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles insistiu que o governo de hoje tem grandes diferenças em relação ao vivido por ele nos anos 2000 — notoriamente, no que diz respeito à política fiscal. “Hoje, há uma política fiscal expansionista, o que cria um cenário diferente e empurra os juros para cima”, disse.
Os juros elevados, como mencionado por Meirelles, configuram outro ponto de atenção debatido durante o fórum em Davos. Para o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central instigou as instituições financeiras do país a terem mais cautela na hora de oferecer crédito. Trata-se de um “sinal amarelo”, nas palavras de Mesquita. Apesar da diminuição da quantidade de dinheiro disponível para a economia girar, o Itaú projeta um crescimento de 2,2% neste ano, de acordo com o economista do banco. Quem embarcou na discussão sobre crescimento e se mostrou otimista foi o ex-ministro Meirelles, que celebrou os efeitos das reformas que implantou durante o governo de Michel Temer. “O Brasil tem surpreendido, crescendo mais, com a modernização da economia”, disse. “Os efeitos das reformas estão agora adquirindo plano de voo, o que permite que a economia cresça mais.”