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Merck desiste de vacinas contra Covid-19 após desempenho ‘decepcionante’

Taxa de eficácia de dois imunizantes em fase experimental fica aquém do esperado; laboratório americano irá concentrar esforços em antiviral

Por Felipe Mendes Atualizado em 25 jan 2021, 11h51 - Publicado em 25 jan 2021, 11h17

Com resultados “decepcionantes e pouco surpreendentes”, o laboratório farmacêutico americano Merck abortou seus planos de desenvolver imunizantes contra o novo coronavírus. A empresa, que apostava em dois antígenos em fase experimental, anunciou nesta segunda-feira, 25, que os modelos geraram menos anticorpos neutralizantes ao vírus em relação a suas concorrentes. Diante da frustração, a Merck voltará seus esforços na busca por um antiviral que apresente eficácia para o controle da enfermidade.

Diferentemente das rivais Pfizer e Moderna, que desenvolveram vacinas à base de RNA mensageiro, a gigante farmacêutica americana usou tecnologia de inoculação já existente para o combate ao ebola e ao sarampo. Nenhum dos modelos, no entanto, apresentou eficácia necessária. “Não tínhamos o que precisávamos para seguir em frente”, disse Nicholas Kartsonis, vice-presidente sênior de pesquisa clínica para doenças infecciosas e vacinas da Merck. Fora a taxa de eficácia baixa, especialistas apontam a falta de clareza em relação ao combate às novas variantes descobertas recentemente como um empecilho para seguir com o projeto adiante.

Além de ser uma opção a menos para o público, sobretudo dos EUA, país que perdeu mais de 400 mil vidas para a enfermidade, a empresa vai assistir suas rivais Pfizer e Moderna se colocarem como principais alternativas de imunização ao novo coronavírus. Segundo a Bloomberg, a farmacêutica Janssen, do grupo Johnson & Johnson, deve divulgar dados de eficácia e o pedido para uso emergencial de seu antígeno em breve.

Ainda sem divulgar os prejuízos quanto à interrupção do desenvolvimento de uma vacina contra Covid-19, a Merck afirmou que continuará em busca de um antiviral que auxilie no combate ao vírus. Há dois medicamentos em fase de testes: MK-7110 e MK-4482, que agora passam a se chamar molnupiravir. O tratamento antiviral foi descoberto por cientistas da Universidade Emory, em Atlanta, e está sendo avaliada em estágio final em ambientes hospitalares e ambulatoriais. A Merck desenvolve a pílula em parceria com a Ridgeback Biotherapeutics. As companhias esperam obter os primeiros dados sobre a eficácia do remédio até o fim do primeiro trimestre, com a conclusão dos estudos prevista para maio. As ações da Merck, listadas na bolsa de valores de Nova York, a Nyse, caem 1% no pré-market.

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